Em estudo publicado em fevereiro deste ano na revista Immunology, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) revelam marcadores genéticos do sistema imunológico que podem determinar o grau de severidade de pacientes com Covid-19. Esses indicadores podem ser descobertos já no diagnóstico da doença, por meio de testes de sangue e análise de RNA, e facilitar o tratamento.
Os cientistas encontraram um biomarcador associado aos neutrófilos, células do sistema imune responsáveis pelo reconhecimento e defesa contra agentes infecciosos. Quando o paciente adquire o novo coronavírus (SARS-CoV-2), os neutrófilos são ativados de forma anormal. Nos casos moderados e graves, essas células de defesa acabam gerando um processo inflamatório desordenado em vez de combater a Covid. Devido ao aumento do número de neutrófilos no sangue, o organismo fica descontrolado e “a resposta imunológica do indivíduo à infecção começa a fazer parte do mecanismo da doença”, diz o pesquisador Marcelo Dias Baruffi, citado pelo Jornal da USP.
Para chegar a essas conclusões, o estudo analisou amostras de sangue de pacientes de Ribeirão Preto (SP), internados na Santa Casa e no Hospital São Paulo entre abril e dezembro de 2020. Também foram coletadas amostras de pacientes que não estavam hospitalizados, para efeito de comparação. Foram analisados cerca de 19 mil genes.
Segundo os pesquisadores, além dos pacientes com a forma grave da Covid-19 terem mais neutrófilos na circulação, a condição aparece na expressão genética, revelando a evolução dos quadros clínicos relacionados ao processo de inflamação. Sabendo desses dados, é possível entender a imunopatologia do paciente, ou seja, o papel da resposta imunológica no adoecimento, o que contribui para refinar o diagnóstico e aplicar o melhor tratamento, impedindo que a condição evolua para um quadro grave.
(*) Com Jornal da USP.
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