(Foto: Carlos Henrique)
Uma caminhada leve, hidroginástica, dança. Engana-se quem acha que esses são os únicos exercícios indicados para quem está na terceira idade. A musculação é uma das atividades mais recomendadas para esta fase da vida, sobretudo porque é capaz de recuperar a massa magra, cuja perda é natural com o envelhecimento.
“Temos evidência científica de que a musculação faz com que o idoso ganhe massa muscular, prevenindo doenças, dando autonomia e independência, numa fase em que a pessoa tende a ficar mais limitada”, garante a fisioterapeuta Rita Guedes, coordenadora do curso de fisioterapia do UniBH.
A professora ainda cita outros ganhos. “Com o envelhecimento, as cartilagens das articulações ficam mais desidratadas e com mais chances de sofrer desgastes, levando a artrose. Músculos mais fortes são capazes de protegê-las. Essa atividade também ajuda a manter a massa óssea, prevenindo a osteoporose”, comenta.
Esse conjunto de fatores, diz Rita Guedes, levam a melhora da capacidade funcional e do equilíbrio, evitando assim as temidas quedas, que são um problema sério na velhice.
“Com a musculação, você trabalha força, resistência e a potência muscular. A potência é a capacidade de gerar força com velocidade. Numa situação de desequilíbrio, essa habilidade é necessária para retomar a estabilidade com mais facilidade”, explica.
Prática
Aos 67 anos, o educador físico Pedro Américo pratica aquilo que prega. Dono de uma academia voltada para reabilitação de idosos e pessoas com doenças crônicas, como mal de Parkinson, problemas renais e diabetes, ele é adepto da musculação desde os 16 anos.
“Sinto-me mais jovem do que a idade que tenho. Por muito tempo fui corredor, e fazia a musculação voltada para isso. Hoje continuo praticando, mas para evitar a perda de massa muscular, evitar que eu engorde também. Tenho uma família de obesos e sou o único magro”, conta.
Outro aspecto destacado pelo professor são os benefícios para a vida social e emocional do idoso. “Além de ter um convívio social ativo na academia, a musculação proporciona um efeito bioquímico, porque produz aminas, que ajudam a combater a depressão; endorfinas, que dão sensação de bem-estar e provocam uma melhora geral do estado emocional de quem pratica”, explica Pedro Américo.
Atividade física deve ser praticada pelo menos três vezes por semana e de forma continuada
Para colher os benefícios da musculação, especialistas recomendam a prática ao menos três vezes por semana e de forma contínua. A regra é seguida à risca pelo desembargador aposentado Ney Paulinele.
Aos 83 anos, ele esbanja vigor, mesmo sendo portador de uma insuficiência renal que o obriga a fazer hemodiálise. “Há três anos faço o tratamento duas vezes por semana, o que nunca me impediu de fazer atividade física. Sinto-me muito bem”.
Além de ir à academia nas segundas, terças e quintas-feiras, Ney se mantém ativo nos fins de semana. O lazer inclui caminhada e outras atividades que alimentam o corpo e a alma. “Coisas que me fazem sentir como se tivesse 40, 50 anos. Sou feliz porque tenho uma linda família, faço exercícios, sou independente e bem assistido”.
Além disso
Benefícios da musculação na terceira idade
– Garante força e flexibilidade, tornando o idoso mais resistente a quedas
– Aumenta a densidade óssea, ajudando na proteção contra a osteoporose
– Diminui a gordura corporal. Aliado a uma dieta balanceada, o treino de força para idosos é importante para a manutenção do peso
– Combate a dor articular (na coluna, ombros e joelhos)
– Ajuda a manter a boa postura corporal. Com o avanço da idade, o sistema muscular esquelético vai perdendo a sua tonicidade
– Melhora a autoestima e ajuda no combate à depressão, por causa da elevação dos níveis de serotonina
– Melhora da frequência cardíaca e da pressão arterial
– Ajuda no controle de doenças crônicas como diabetes, hipertensão e problemas cardíacos
Profissional deve ser consultado
Antes de começar qualquer atividade física, que deve ser acompanhada por profissional qualificado, o idoso deve ter a recomendação médica. O alerta é da médica Ana Cristina Nogueira Borges Faria, presidente do departamento de geriatria da Associação Médica de Minas Gerais. “Existe o risco cardiovascular. O idoso precisa ser submetido a exames, às vezes mais aprofundados para ver se está apto. Se tiver um quadro de angina e arritmia, por exemplo, pode até morrer durante a atividade, especialmente se ele for sedentário”, esclarece.