Número de brasileiras com câncer de mama antes dos 35 anos é três vezes maior do que de estrangeiras

Patrícia Santos Dumont
06/10/2019 às 13:34.
Atualizado em 05/09/2021 às 22:06
 (Maurício Vieira)

(Maurício Vieira)

Segundo tipo de tumor mais frequente no Brasil, o câncer de mama acomete três vezes mais brasileiras, com menos de 35 anos, do que europeias e norte-americanas na mesma faixa etária. Enquanto nos países do Hemisfério Norte a doença nesse público não passa de 2% do total, em território brasileiro os registros somam 9%.

Especialistas ainda buscam os motivos que têm levado as jovens a desenvolverem o tumor com mais frequência. Historicamente, elas representavam somente 2% dos casos. Estilo de vida, herança genética e histórico familiar são algumas das razões consideradas. O avanço, por sua vez, reforça a importância de se precaver – foco do Outubro Rosa, campanha mundial de conscientização sobre prevenção e diagnóstico precoce da neoplasia que atinge as mamas.

Realizada pelo Grupo Brasileiro de Estudos em Câncer de Mama (Gbecam) e Grupo Latino-Americano de Oncologia Cooperativa (Lacob), a pesquisa mostrou que 60% dos registros foram detectados a partir de sintomas, e não por mamografia. Integrante do estudo, o oncologista gaúcho Gustavo Werutsky diz ser preciso rever as diretrizes nacionais de rastreamento da neoplasia.

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“Diferentemente do que ocorre nos Estados Unidos, no Brasil a recomendação é para que o exame de imagem seja feito a partir de 50 anos. Apesar disso, a mamografia tem impacto significativo nas taxas de mortalidade, facilitando o diagnóstico precoce e aumentando as chances de cura”, justifica.

O Ministério da Saúde orienta que a mamografia de rastreamento, realizada quando não há sinais nem sintomas suspeitos, seja ofertada a cada dois anos a mulheres de 50 a 69 anos.

Na luta

Diagnosticada com a doença há um ano, a técnica em nutrição Eliane Spíndola, de 35, sabe melhor que ninguém da importância da prevenção. Descoberto em estágio inicial, o tumor de mama foi tratado com quimioterapia e removido numa cirurgia minimamente invasiva. 

“Foi tudo muito rápido. Senti um caroço no autoexame, procurei um especialista e, em poucos meses, já estava tratando. Tenho certeza de que o acompanhamento preventivo fez toda diferença”, afirma ela, que começou a radioterapia recentemente.

Confira o relato de Eliane Spíndola, que faz parte das estatísticas da doença em brasileiras com menos de 35 anos:

registrados em território nacional ocorrem nas mamas; segundo tipo mais prevalente no país

Presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), Antônio Luiz Frasson explica que mulheres com menos de 35 anos sem histórico da enfermidade na família devem fazer exames de rotina e visitar o ginecologista todos os anos a partir da primeira relação sexual.

Quando há casos familiares, a orientação é procurar um especialista e realizar exames de imagem dez anos antes da idade em que a doença foi identificada pela primeira vez na família, quando o caso tiver ocorrido antes dos 50 anos.

garanta às mulheres que fizeram mastectomia o direito à reconstrução gratuita da mama durante a cirurgia, apenas 29% dos procedimentos de 2008 a 2014 foram custeados pelo SUS; dentre as novidades em tratamento está a radioterapia intraoperatória, que prevê a administração de níveis terapêuticos de radiação diretamente sobre o alvo, durante a cirurgia
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