Saúde

Obesidade: nova diretriz indica abordagem individualizada e remédios de alta potência, como Mounjaro

Documento que reúne 35 recomendações foi apresentado durante abertura de congresso em BH

Do HOJE EM DIA
portal@hojeemdia.com.br
29/05/2025 às 15:00.
Atualizado em 29/05/2025 às 15:48

Nova diretriz vai orientar médicos, gestores de saúde e profissionais de diferentes especialidades sobre o tratamento da obesidade no país. Ao contrário de abordagens anteriores, que miravam a normalização do Índice de Massa Corporal (IMC), a recomendação agora é cuidado contínuo e abordagem individualizada. Conforme o perfil do paciente, medicamentos de alta potência - como Mounjaro, Ozempic e Wegovy - devem ser priorizados.

A definição ocorreu nessa quinta-feira (29), durante a abertura do Congresso Brasileiro de Obesidade e Síndrome Metabólica (CBOSM 2025), em Belo Horizonte. Segundo a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) a diretriz tem 35 recomendações práticas e foi elaborada com base nas melhores evidências científicas disponíveis, em consenso com 15 sociedades médicas. 

“É uma mudança de paradigma. O objetivo não é mais apenas normalizar o peso, mas sim promover saúde, funcionalidade e qualidade de vida com metas possíveis e sustentáveis”, explica o endocrinologista Bruno Halpern, vice-presidente da Abeso.

Uma das propostas é adotar metas mais realistas e clinicamente relevantes, como a perda de ao menos 10% do peso corporal, com foco na melhoria de comorbidades como diabetes tipo 2, hipertensão, apneia do sono, osteoartrose e doença hepática associada à disfunção metabólica. 

“Não é uma receita de bolo, mas um guia clínico construído com base em evidências e voltado à realidade brasileira. Ela respeita a individualidade do paciente e valoriza a decisão compartilhada”, destaca o endocrinologista Fernando Gerchman, membro do Departamento Cien`fico da Abeso e coordenador do grupo de trabalhos para a diretriz farmacológica.

Conforme a Abeso, as medicações foram categorizadas de acordo com o perfil de eficácia, segurança e duração do tratamento. Além disso, considerou a possibilidade de uso off-label, onde medicamentos não especificamente aprovados para obesidade podem ser utilizados com base em evidências clínicas e pesquisas que demonstrem eficácia e segurança. 

“O uso dessa estratégia deve ser individualizado, levando em conta fatores como a saúde geral do paciente, a presença de comorbidades e a resposta prévia ao tratamento. Além de considerar a segurança, a tolerabilidade e a questão do custo”, afirma Marcio Mancini, coordenador do Departamento de Farmacoterapia da Abeso.

O documento estabelece que o tratamento com medicações deve ser associado, desde o início, às mudanças no estilo de vida e que os medicamentos com alta ou moderada eficácia – como semaglutida (Ozempic e Wegovy), tirzepatida (Mounjaro) e liraglutida (Rybelsus) – devem ser priorizados quando disponíveis. 

“Esses fármacos demonstraram benefícios significativos em grandes ensaios clínicos. A semaglutida, por exemplo, reduziu em 20% os eventos cardiovasculares em pacientes com obesidade e histórico de doença cardíaca. Já a tirzepatida mostrou, em estudo com pessoas com pré-diabetes, uma redução de 99% na incidência de diabetes tipo 2”, afirmou o diretor da Abeso, Alexandre Hohl, durante a apresentação.

A diretriz também recomenda que as decisões sobre o tratamento da obesidade devem levar em consideração fenótipos alimentares, como padrões de comportamento alimentar e as preferências dos indivíduos, dando atenção a fatores genéticos, psicológicos, sociais e ambientais e outras características individuais dos pacientes. 

Veja destaques da nova diretriz para tratamento da obesidade

- Tratamento deve ser contínuo e individualizado: perda de peso de pelo menos 10% é considerada um alvo clínico relevante, com foco na melhora de comorbidades e qualidade de vida.

- Fármacos de alta eficácia são preferenciais: medicações como semaglutida, tirzepatida e liraglutida são recomendadas para uso continuado, com base em dados de segurança e eficácia. 

- Inclusão de novos critérios de diagnóstico: o documento recomenda o tratamento de pacientes com complicações relacionadas à obesidade mesmo com IMC abaixo de 30, considerando medidas como circunferência da cintura e relação cintura/altura. 

- Reconhecimento da sarcopenia e de grupos específicos: pacientes idosos, pessoas com obesidade sarcopênica, apneia do sono, osteoartrose e doença hepática associada à obesidade agora têm recomendações específicas.

Leia mais:

© Copyright 2025Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por
Distribuido por