(Wesley Rodrigues/Hoje em Dia)
O alto custo de manutenção dos negócios somado à queda no movimento de clientes está traçando um novo perfil para o comércio varejista da Savassi, na região Centro-Sul de Belo Horizonte. Aos poucos, lojas focadas em produtos com preços mais populares estão ganhando espaço nos quarteirões que antes eram reduto de marcas de elite.
Um dos pontos que vão aderir a essa nova concepção comercial é o antigo edifício Firenze, situado na esquina da avenida Getúlio Vargas com rua Alagoas, em frente ao shopping Quinta Avenida. Na parte superior do imóvel, seis novos outlets do ramo de moda devem ser instalados. Além disso, uma cafeteria e lojas de departamento também irão compor o local.
De acordo com o gerente de marketing Kleber Novartes, as lojas que serão instaladas no prédio vão manter a qualidade e atendimento tradicionais da região, mas oferecendo produtos com preços mais acessíveis.
“Entendemos que o consumidor que frequenta a Savassi hoje prioriza o preço mais do que antes. Por isso o local não será tão popular quanto os shoppings do Centro da cidade, mas atenderá a um público que faz questão de pechinchar mais”, afirma Novartes.
Mudanças
Lojistas da região afirmam que dois acontecimentos principais impactaram negativamente o comércio local. O primeiro foi a inauguração da Cidade Administrativa na rodovia MG-010, que retirou da região centenas de funcionários públicos do Estado que eram compradores assíduos. Em segundo lugar, a revitalização da Praça Diogo Vasconcelos, que valorizou a região mas levou proprietários de imóveis a elevarem demais os aluguéis.
Com o cenário de retração econômica, a situação culminou no que se vê atualmente. Dezenas de lojas fechadas com placas de “aluga-se” nas principais avenidas da Savassi. Para o coordenador do conselho CDL/Savassi da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte, Alessandro Runcini, a rotatividade de negócios é prejudicial para a região por atrapalhar a fidelização da clientela.
“A Savassi, ao contrário dos shoppings, tem lojas únicas. Isso é o grande diferencial. Porém há casos em que o aumento do aluguel é descabido, com mais de 50% de reajuste. Por isso, estabelecimentos com mais de 30 anos de atividade fecham as portas, como é o caso da lanchonete Tia Clara”, comenta.
Tradição
Para a presidente da Associação de Lojistas da Savassi (Alsa) e proprietária da joalheria Detalhe, Maria Auxiliadora Teixeira de Sousa, os estabelecimentos tradicionais vão continuar diminuindo na região e o perfil do bairro tende a mudar por completo. Há 25 anos no mesmo ponto comercial na rua Paraíba, a empresária conta que está cada vez mais difícil para o novos comerciantes arcar com os custos de manutenção das lojas.
“Com a atual economia recessiva e encargos muito altos fica difícil. O aluguel está fora dos padrões. Tínhamos a tradição de fidelizar o cliente e, se continuar assim, podemos perder o que conquistamos”, avalia.
A empresária Adriana Barbosa, da loja de roupas Zanele, afirma que o momento atual é o pior dos 16 anos em que ela atua na região. “Os clientes sumiram e os lojistas que chegam não resistem mais do que três anos. Estamos sem saber o que fazer para que o público retorne à Savassi”, diz.
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