Se eu pudesse voltar no tempo

10/04/2017 às 17:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:05

Em duas décadas de magistério, já compareci em muitas festas de formaturas. Nessas ocasiões é comum uma roda de conversa amistosa com os familiares dos formandos.

 Também costuma surgir algum falso amigo, com as lamentações pela inexorabilidade do tempo, que passa e não volta mais. Os lamentos também podem ser por fatos ocorridos há várias décadas. Por exemplo: uma ofensa grave contra uma pessoa que, no fundo, é admirada... um agradecimento que, há anos, aguarda para ser expresso... um cumprimento pelo sucesso alheio...

 Bem, para quem gostaria de voltar no tempo para deixar de fazer uma ofensa, eu tenho uma ótima sugestão: dirija a palavra ao ofendido e peça-lhe desculpa. Se a volta no tempo é para não precisar do favor que até hoje aguarda agradecimento, então agradeça.

 Mas, quanto a esta pendência de parabenizar alguém, se o desejo de voltar no tempo é para impedir o triunfo alheio, pode desistir. E é melhor parabenizar mesmo, ainda que tenham passado muitos anos.

 Essa vontade de voltar no tempo pode esconder um inconfessável sentimento de inveja. É por isso que algumas pessoas têm dificuldade de pronunciar estas três palavras mágicas: 1) obrigado, mesmo que tenha sido ajudado quando precisaram; 2) desculpa, apesar de terem ofendido gravemente; 3) parabéns, pois, afinal, não se alegram com o sucesso do outro.

 Aí chega o momento da formatura, quando, às vezes, surgem esses falsos amigos. Nessas ocasiões, eles experimentam esse forte desejo de voltar no tempo; mas não é para se desculpar por nenhum erro, nem para agradecer a quem quer que seja.

Então, sabe para que é, leitor? É para impedir que você chegue ao triunfo do momento atual. Mas é fácil identificar essas pessoas. Nas raras ocasiões em que felicitam alguém, o fazem num indisfarçável tom de lamento.

 Desse modo, você que está na luta dos estudos e dos concursos, identifique essas pessoas e fique longe delas. Bons estudos.

 Advogado, professor da Faculdade Promove, mestre em Educação, delegado federal aposentado e autor de “Como Passei em 15 Concursos”. Escreve aos domingos. 
joserobertolima.jrl@gmail.com

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