Secretário rebate pesquisadores que pedem maior testagem de Covid-19 em Minas: 'visão míope'

Cinthya Oliveira
cioliveira@hojeemdia.com.br
14/05/2020 às 15:52.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:30
 (Karol Avelino/Funed)

(Karol Avelino/Funed)

Um estudo realizado por professores da UFMG e da UFOP indicou que Minas pode ter um número 16 vezes maior de pessoas infectadas por Covid-19 do que os 3.950 casos confirmados da doença no Estado. A estimativa mostra que Minas pode ter uma subnotificação bem maior do que os restante do país, porque investe pouco em testagem. São 476 exames feitos para cada milhão de habitantes no Estado.

Embora esse levantamento e outros feitos por pesquisadores indiquem que a testagem em Minas deveria ser ampliada para garantir uma maior segurança nas políticas públicas de controle da epidemia, o secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, garantiu que o monitoramento da Covid-19 é feito de maneira adequada. "Eu vejo muitas pessoas focando na testagem como se fosse única forma de monitoramento sobre o que está acontecendo na sociedade. Nós temos uma avaliação multimodal e uma delas é a testagem. Focar na testagem é ter visão míope", afirmou durante uma coletiva nesta quinta-feira (14). 

O secretário informou que, além da testagem, a equipe considera outros fatores para acompanhar o crescimento da epidemia no Estado. Os números da assistência (ou seja, de atendimentos e internações) estão entre os principais dados levados em conta pela secretaria. Neste momento, 67% dos leitos de UTI no Estado estão ocupados, tanto com pacientes com Covid-19 quanto com pessoas com outras enfermidades. Entre os leitos clínicos, a taxa de ocupação é de 66%.

“Sabemos que há um maior número de pessoas contaminadas, isso é sabido pela literatura desde os casos na China. Difícil é localizar os assintomáticos. Por isso, é importante ficar atento aos sintomas e aqueles que têm os sintomas tem que ser isolados, para evitar que a epidemia progrida”, disse o secretário.

Segundo ele, os exames de Covid-19 devem ser feitos com muita cautela pela população, pois podem ter até 70% de chance de oferecer uma informação incorreta ao testado – o PCR, por exemplo, tem uma margem aproximada de 30% de falso negativo. Os exames confirmaram 3.950 casos de Covid-19 no Estado desde março. 

O secretário informou também que a pasta planeja uma ampliação da testagem entre os mineiros, mas deixa claro que isso não vai acontecer neste momento. “Estamos vendo o melhor momento para se fazer exames em massa, mas é preciso que haja grande número de exames e kits disponíveis no país. Estamos buscando trazer essa estrutura, mas não vejo no dia de hoje como realizar exames em larga escala, até porque os pacientes sintomáticos representam um número relativamente pequeno”, afirmou Amaral.

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