O sistema de seguridade social do país apresenta uma série de contradições, mas tem contribuído para a redução da pobreza entre os idosos e suas famílias, aponta estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A proporção de pessoas com 65 anos ou mais de idade que recebiam algum benefício social aumentou de 77,5% em 1988 para 85% em 2011. De acordo com o Ipea, a proporção de idosos pobres era de 4,8% em 2011. Já entre os não idosos esse porcentual chegava a 16,7%.
Entre as contradições do sistema previdenciário, a pesquisadora Ana Amélia Camarano, que coordenou o estudo, disse que as idades em que as pessoas se aposentam não estão acompanhando os avanços ocorridos na esperança de vida ao nascer. "A população está vivendo mais, com melhores condições de saúde, mas está se aposentando mais cedo. Outra contradição é que, embora as mulheres vivam mais que os homens, elas se aposentam mais cedo do que eles. As mulheres vivem em média oito anos a mais e se aposentam cinco anos mais cedo. São mais ou menos treze anos de diferença. Essa diferença poderia diminuir."
No caso das aposentadorias por tempo de contribuição, em 2010 os homens se aposentavam aos 55,1 anos, e as mulheres aos 52,7. Eles recebiam o benefício por 24,6 anos, e elas, por 31,3, em média.
Ana Amélia defendeu que sejam feitos ajustes no sistema previdenciário para o que chamou de nova realidade social e demográfica. A pesquisadora também considera uma contradição o fato de a legislação permitir que o aposentado volte ao mercado de trabalho sem que haja nenhuma restrição. "Por isso, pessoas muito jovens estão se aposentando. Mas a aposentadoria é uma política para repor a perda da capacidade de trabalhar."
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