Sem luz desde 2ª, cripta de D. Pedro está fechada

Edison Veiga e Vitor Hugo Brandalise
21/02/2013 às 10:15.
Atualizado em 21/11/2021 às 01:12

Com a notícia de que foram exumados os restos mortais de Dom Pedro I e os de suas duas mulheres, revelada na terça-feira pelo jornal O Estado de S. Paulo e na segunda-feira pelo portal estadão.com.br, esperava-se que houvesse um aumento no número de visitantes ao Monumento à Independência, onde estão sepultados, no Parque da Independência, Ipiranga, zona sul de São Paulo. Mas o memorial está fechado ao público, sem luz, por pane elétrica causada pelo temporal da segunda-feira (18).

Funcionários do local, em conversa com o jornal O Estado de S. Paulo, relataram que o número de visitantes que foram ao monumento especificamente para ver os túmulos dos imperadores aumentou, depois de revelado o estudo arqueológico. Mas, no escuro, o acesso foi restrito "por razões de segurança", conforme informou, em nota, a Secretaria Municipal de Cultura, que administra o espaço.

Para checar as razões do problema, a Eletropaulo enviou, na quarta-feira (20) uma equipe ao Parque da Independência. Não há previsão para retomar o fornecimento de energia ao local.

De acordo com levantamento feito em 2011 pela Secretaria, a Monumento à Independência recebe aproximadamente 6 mil visitantes por mês. No ano passado, o espaço ficou fechado ao público durante três meses, justamente para a realização do trabalho de pesquisa de historiadora e arqueóloga Valdirene do Carmo Ambiel, que defendeu mestrado sobre o tema na segunda-feira (18).

Reforma

Após realizar estudos na cripta e acompanhar, por exemplo, a reforma no nicho onde estão enterrados os restos mortais da imperatriz Amélia, segunda mulher de Dom Pedro I, a equipe de Valdirene apresentou projeto de restauro da cripta. "Há problemas de infiltração de água desde 1952, quando a cripta foi inaugurada. Nunca houve solução", afirma a arqueóloga, cuja equipe se reuniu com representantes da Secretaria da Cultura para discutir o possível restauro.

O estudo arqueológico apontou também quais foram os efeitos de décadas de umidade nos ossos de Dom Pedro I - um dos fatos que chamou a atenção foi que os restos mortais do imperador estavam cobertos de fungos. "Era uma espuma branca, cobrindo Dom Pedro de cima a baixo", lembra o arqueólogo Victor Hugo Mori, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que acompanhou a abertura do caixão. A umidade causou a decomposição quase total das botas com que Dom Pedro foi enterrado - sobraram apenas saltos e esporas, e pedaços de couro estavam aderidos aos ossos do pé do imperador.

Apesar dos problemas, não há prazos para a reforma na cripta. Segundo a Secretaria Municipal da Cultura, após o encontro da equipe de Valdirene com representantes da pasta, "ficou acertado que seriam protocolados uma proposta e um relatório com justificativas, produzidos pela pesquisadora e por um engenheiro, o que ainda não ocorreu", informou, em nota. Depois, caso a proposta seja aceita, será necessária a aprovação do órgão municipal de preservação do patrimônio, o Conpresp.

A arqueóloga também propõe a correção de erros que estão nos painéis informativos da tumba. Em um deles, perto da área de projeção de vídeos, está escrito que "as cinzas" do imperador foram depositadas na cripta em 1976. Agora, sabe-se que ele não foi cremado. Outro erro é no próprio nome da segunda mulher de Pedro, no texto que a apresenta - em vez de Amélia, na placa informativa está como "Maria Amélia", nome de sua filha.O monumento podia ser visitado de terça a domingo, das 9h às 17h, com entrada gratuita. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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