Com a queda na atividade de todos os principais setores da indústria mineira, a produção do parque fabril do Estado terminou 2016 com uma retração de 6,2%.
Foi o quarto ano seguido em que a indústria fechou no vermelho, segundo dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“O resultado ficou dentro do esperado, já que o setor vinha apresentando desempenho negativo há muito tempo”, afirma a supervisora de pesquisas econômicas do IBGE em Minas, Cláudia Pinelli.
No acumulado do ano, o setor que teve o pior desempenho foi a indústria de máquinas e equipamentos (que fornecem para outras indústrias), com variação negativa de 23,9%.
Segundo o vice-presidente da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Marcelo Veneroso, o desempenho do setor reflete a derrocada da demanda por parte de setores como mineração, siderurgia e óleo e gás.“Nosso setor sofre a influência direta do que acontece nos demais”, afirma.
Efeito dominó
Também sofre em cascata a indústria extrativa, que teve uma queda anual de 11,2% em Minas Gerais. O setor depende do bom desempenho dos mercados interno e externo para crescer.
Mas, conforme explica o consultor e presidente do Conselho Empresarial de Mineração e Siderurgia da Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas), José Mendo Mizael de Souza, a mineração fornece matérias-primas essenciais para vários setores, como a construção civil. “E a construção está intimamente ligada à economia. Ou seja, não vai bem também”, afirma.
Além disso, a maior parte do minério do Estado é voltado para exportação, e os preços internacionais continuaram sofrendo, no ano passado, pressão de baixa em função da queda na demanda da China. A mineração de ferro também foi fortemente impactada pela paralisação das atividades da mineradora Samarco.
A fabricação de produtos de metal caiu 13,4% no ano passado. Da mesma forma que os já citados, ele também é um setor de base. Ou seja, depende do desempenho de outras cadeias industriais. Conforme o economista da Fiemg, Guilherme Velloso Leão, os setores industriais de maior peso na economia mineira são de base.
Veículos
Um dos únicos segmentos relevantes da indústria de base, a de fabricação de veículos automotores também não foi bem, com queda na produção de 15,5%.
O analista do setor automotivo, Milad Kalume, explica que a produção de veículos sofre com as demissões, a queda do poder aquisitivo das famílias e o menor otimismo do consumidor. E o segmento impacta o desempenho de outros como autopeças.
Mensal
Em dezembro, na comparação com o mesmo período de 2015, houve um aumento na produção industrial em 2,2% no estado. E comparado com novembro, a alta foi de 2,3%.
Para Cláudia Pinelli, do IBGE, ainda é cedo para comemorar a melhora. “Temos que observar o desempenho dos próximos meses para ver se realmente o movimento se configura como tendência”, afirma.Editoria de Arte / N/A