(AFP)
Chegou a hora de “separar os homens dos meninos”. Definidas as quatro últimas seleções postulantes ao título, a reta final da Copa do Mundo representa também a chance para os craques fazerem a diferença e se credenciarem à Bola de Ouro, principal honraria individual da competição.
Criado oficialmente na edição de 1982, o prêmio se tornou uma marca das semifinais, afinal, jamais foi entregue a um jogador eliminado antes desta fase do torneio. Sendo assim, já é possível imaginar os principais candidatos neste Mundial da Rússia.
Considerando os ganhadores do troféu secundário Man of the Match, por exemplo, os nomes mais fortes até aqui seriam Luka Modrić (Croácia) e Harry Kane (Inglaterra), eleitos três vezes como os melhores em campo.
Eden Hazard (Bélgica), Kylian Mbappé e Antoine Griezmann (França) também já tiveram atuações premiadas em mais de uma oportunidade até o momento na Rússia.
Este, porém, é só um dos critérios passíveis de análise e serve apenas para ilustrar a disputa, pois o “Homem do Jogo” é definido em enquete popular via internet, enquanto o vencedor da Bola de Ouro é apontado pelo Grupo de Estudos Técnicos da Fifa.
Neste ano, o colegiado é liderado pelo ex-treinador Carlos Alberto Parreira, campeão da Copa do Mundo de 1994 à frente da Seleção Brasileira.Fotos AFP
Semifinalistas premiados mais de uma vez como 'Homem do Jogo' na Copa do Mundo da Rússia
Melhor do mundo
Com o egípcio Mohamed Salah e o brasileiro Neymar eliminados precocemente na Rússia, a Bola de Ouro desta Copa poderá influenciar no prêmio The Best, dedicado anualmente pela Fifa ao melhor jogador do mundo. Desta vez, a cerimônia acontecerá em setembro, e levará em conta a performance dos jogadores justamente até o dia 15 de julho, data da grande decisão do Mundial.
Uma comissão de ex-jogadores e técnicos foi também designada pela entidade para analisar a competição mais importante da temporada antes do fechamento da lista final com dez indicados ao principal troféu individual do futebol. Um dos integrantes do grupo é o ex-atacante Ronaldo.
“Acho que o cenário com Messi e Cristiano Ronaldo dominando o prêmio de melhor do mundo pode mudar com a Copa. O peso do Mundial é realmente muito grande”, declarou o ex-camisa 9 da Seleção durante a apresentação do colegiado, condicionando a entrada de Neymar na briga à conquista do hexa, posteriormente frustrada pela queda nas quartas de final diante da Bélgica.
Dificilmente algum dos candidatos impedirá o sexto prêmio do português. Mas o título mundial ou a Bola de Ouro da Copa podem, por exemplo, colocar Modrić pela primeira vez entre os finalistas, após temporada já coroada com o tricampeonato europeu pelo Real Madrid. Ou devolver Griezmann ao pódio depois do terceiro lugar em 2016.Fifa/Divulgação
Comissão designada pela Fifa se reuniu na Rússia para elaborar lista de indicados a melhor do mundo em 2018
Surpresas e desencontros
Nas duas primeiras edições desde a criação do Man of the Match (2002 e 2006), os destaques de cada jogo eram escolhidos por especialistas indicados pela Fifa. Mesmo assim, o retrospecto é controverso – na época, a Bola de Ouro da Copa ficava a cargo dos jornalistas.
No Mundial do Japão e da Coreia, o brasileiro Rivaldo foi o mais premiado durante a campanha, mas viu o principal troféu individual ir parar na prateleira do goleiro germânico Oliver Kahn, numa das maiores polêmicas de toda a série histórica.
A situação se repetiu na Alemanha, quando o italiano Andrea Pirlo perdeu a taça para o francês Zinedine Zidane.
Na África do Sul, já com a escolha dos melhores em campo sob responsabilidade do público, a Bola de Ouro acabou entregue ao uruguaio Diego Forlán, de maneira também surpreendente, pois o finalista holandês Wesley Sneijder havia sido o preferido dos torcedores ao longo da competição.
As honrarias coincidiram somente uma vez. Eleito pelos fãs em quatro partidas, Lionel Messi ficou com a Bola de Ouro ao fim da Copa de 2014, no Brasil. Apenas mais um troféu para o argentino, recebido com um “sorriso amarelo” após o fracasso diante dos alemães.
Romário e Ronaldo são os brasileiros premiados individualmente, nas Copas de 1994 e 1998
Polêmicas e mudanças
As críticas ao troféu individual vão muito além. Levaram a Fifa, inclusive, a mudar mais de uma vez o sistema de escolha do craque da Copa.
Em 2002, Kahn faturou a Bola de Ouro a despeito de falha grosseira diante do Brasil na final. Além de Rivaldo, o prêmio poderia ter ficado com Ronaldo, destaque do pentacampeonato com oito gols e grandes exibições, principalmente na decisão.
O próprio Fenômeno, porém, já havia sido o “beneficiado” em 1998, quando decepcionou contra a França. A taça individual teria combinado melhor com a coleção de Zidane, herói da conquista inédita dos anfitriões.
Até essas edições, a eleição era feita por jornalistas credenciados, estranhamente após as semifinais.
No Mundial de 2006, a regra foi alterada, mas a maioria dos repórteres e comentaristas seguiu votando antes ou durante a decisão, devido ao prazo apertado após o apito final, quando já estariam envolvidos na cobertura do título.
Isso ajuda a explicar a “compensação” a Zidane, mesmo depois da cabeçada em Materazzi e do consequente cartão vermelho naquela prorrogação contra a Itália.
O sistema foi modificado em 2014, quando um corpo técnico indicado previamente pela Fifa passou a decidir o destino da Bola de Ouro.