LA PAZ - O senador opositor Róger Pinto completa nesta terça-feira (28) um ano asilado na embaixada do Brasil na Bolívia, à espera de que o governo de Evo Morales lhe conceda um salvo-conduto, embora o poder Executivo tenha antecipado que não o fornecerá, informou um legislador.
"O senador Pinto já está há um ano na embaixada, sua saúde está se deteriorando, porque está em um quarto de 3 por 4 (metros), e por isso vamos fazer uma vigília na porta da embaixada como protesto", informou à AFP o deputado direitista Tomás Monasterios.
Na vigília são esperados discursos de seus familiares e de políticos aliados.
O legislador opositor entrou na embaixada do Brasil no dia 28 de maio do ano passado, denunciando perseguição política. Brasília concedeu asilo a ele, mas o governo boliviano lhe negou o salvo-conduto, com o argumento de que tem processos pendentes na justiça.
De acordo com os regulamentos, qualquer fiscal de turno poderia conceder a ele um salvo-conduto, mas a Chancelaria boliviana antecipou que quem o fizer correrá o risco de sofrer um processo, já que o asilo não corresponderia a este caso.
"Estamos há um ano diante da arbitrariedade do governo (de Morales), que viola o direito internacional do asilo, estamos diante de uma teimosia oficial", indicou o legislador, que acrescentou: "Queremos um veículo diplomático para levar o senador Pinto até a fronteira".
Monasterios afirmou que Róger Pinto, de 51 anos, representante do departamento amazônico de Pando (norte), na fronteira com o Brasil, "está começando a sofrer de icterícia, por não estar em contato com o sol".
"Foi reduzido o acesso de seus familiares, das visitas", ao senador opositor, protestou Monasterios.
A ministra da Comunicação, Amanda Dávila, disse na véspera à agência governamental de notícias ABI que "a situação de Pinto está nas mãos da justiça" boliviana, razão pela qual seu governo não dará o salvo-conduto solicitado.
Pinto fez várias denúncias de corrupção contra o governo do presidente Evo Morales, razão pela qual foi processado pelo governo - segundo ele - mais de vinte vezes, a maioria delas por desacato.
O caso Pinto está na agenda bilateral entre Bolívia e Brasil, já que o governo de Dilma Rousseff deseja resolver o tema, junto com a situação de 12 torcedores do Corinthians detidos desde o fim de fevereiro em uma prisão boliviana, pela morte de um jovem torcedor durante uma partida da Taça Libertadores.