Após mais de 13 horas paralisado, o serviço de travessia por balsas entre São Sebastião e Ilhabela, no litoral norte de São Paulo, foi retomado por volta das 7h30 de ontem, 25. A travessia foi suspensa pela Dersa, que operacionaliza o sistema, devido aos fortes ventos que atingem a região há mais de 72h, que provocaram forte correnteza no Canal de São Sebastião, após atingir mais de 70km/h.
No meio da madrugada de ontem, o flutuante - estrutura de ferro onde as balsas são atracadas para embarque e desembarque - afundou parcialmente. A constatação foi feita por funcionários da Dersa por volta das 5h. Ontem, durante toda a manhã, funcionários da Dersa bombearam a água que havia invadido o interior do flutuante para mantê-lo nivelado. Às 7h30, a Dersa liberou uma balsa apenas com pedestres, mas após uma avaliação, acabou transportando veículos, mesmo com a metade do flutuante comprometida.
Isolados. Durante a paralisação, os cerca de 30 mil moradores de Ilhabela, além dos milhares de turistas que passam as férias escolares no arquipélago, ficaram totalmente isolados do continente desde às 11h30 de quinta-feira. Já os moradores ilhéus que ficaram presos em São Sebastião receberam a solidariedade de amigos e parentes, que cederam suas casas. Pelas redes sociais, diversos moradores de São Sebastião e de Ilhabela colocaram suas residências à disposição de quem passava frio e fome na fila da balsa, que atingiu 2km.
Durante a madrugada, grande parte dos usuários foi levada por ônibus disponibilizados pela prefeitura de São Sebastião para o Teatro Municipal, onde ficaram abrigados. Quem buscou hospedagens no continente encontrou dificuldades para achar vagas, já que todos os hotéis e pousadas da região central estavam lotados de pessoas que sofreram o mesmo problema. Quem ficou preso em Ilhabela recebeu lanches da prefeitura.
O prefeito de Ilhabela, Antonio Luiz Colucci (MD), também não conseguiu embarcar para sua cidade e passou a madrugada prestando auxílio aos moradores de São Sebastião. Segundo ele, o problema poderia ter sido evitado se a Dersa, concessionária responsável pela travessia, já tivesse implantado um sistema de atracação semelhante ao utilizado na travessia Santos-Guarujá, mais seguro, que dispensa o uso de flutuantes e permite que as balsas se "encaixem" na nova estrutura, como se fosse uma "gaveta", independentemente do mau tempo. "Já temos verba para a implantação da nova estrutura de embarque e desembarque, mas até agora, o governo não liberou", queixou-se.
O empresário Marcos Cará, que reside em Ilhabela, relata que ficou preso no continente desde as 11h de quinta-feira. "Estamos passando muito frio aqui e ninguém passa nenhuma informação", reclamou ele durante a madrugada.
Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa da Dersa não havia se manifestado até as 11h para comentar o incidente.
#ET
http://www.estadao.com.br