Cerca de dois mil servidores da segurança pública fazem um protesto contra o parcelamento do 13º salário pelo governo de Minas, na noite desta sexta-feira (22), na Cidade Administrativa, região Norte de Belo Horizonte. Os manifestantes bloquearam os dois sentidos da MG 010, principal via de acesso à sede do executivo estadual e a municípios do vetor Norte da Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Segundo a Polícia Militar Rodoviária (PMRV), servidores de diversas categorias estão queimando caixões na MG-010, onde o trânsito está fechado nos dois sentidos e não há previsão de liberação. De acordo com a corporação, o Corpo de Bombeiros também atua no local.
A organização do movimento começou no início da tarde desta sexta na Praça da Estação, onde os servidores deliberaram que continuariam o protesto em frente ao Palácio Tiradentes, na sede do governo estadual.
O número de manifestantes foi informado pela assessoria de imprensa do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil do Estado de Minas Gerais (Sindpol-MG), que detalhou que no grupo estão servidores de todas as esferas da segurança pública do Estado.
Segundo o presidente do Sindpol, Zé Maria de Paula, os manifestantes decidiram fechar a rodovia porque a reunião que acontece no local para discutir as reivindicações ainda não havia trazido resultados. "Estamos aqui reunidos desde 14h aqui esperando por respostas. O pessoal está reviltado e agora são mais de dois mil policiais indo fechar a rodovia", justificou.
A principal pauta defendida pelo movimento é o pagamento integral do 13º salário de 2018, que representa uma parte da dívida bilionária deixada pelo governo anterior. O governador Romeu Zema (Novo) anunciou que o valor será depositado em parcelas até o fim de 2019, mas os agentes de segurança não aceitam essa forma de pagamento.
O chefe do executivo se reuniu com alguns deputados estaduais que acompanhavam a mobilização e, de acordo com o sindicato, os próximos passos serão decididos após o término da reunião.
Outras pautas
O pagamento integral do 13º é a principal, mas não é a única pauta defendida pelos protestantes. O Sindipol-MG afirmou que os servidores também exigem que o governo volte a pagar o salário no quinto dia útil, que faça a reposição inflacionária e quite a dívida com o Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg) e com o Instituto de Previdência dos Servidores Militares do Estado de Minas Gerais (IPSM).
Uma das reclamações dos servidores é que o Estado alega estar quebrado, mas os servidores do legislativo e os do judiciário continuam recebendo seus salários integralmente, o que acabaria levando os funcionários alocados no Executivo a pagar a conta sozinhos.
As mobilizações, de acordo com Sindpol-MG, já vêm sendo articuladas desde a posse do governo de Zema, quando ele disse que continuaria parcelando os vencimentos e que o 13º seria pago da mesma forma. Nesta sexta-feira (22), o governo enviou à imprensa uma nota de esclarecimento na qual afirma que o Estado passa pela pior crise financeira de sua história e que é um dos estados mais endividados do Brasil.
De acordo com a nota, a dívida do governo com restos a pagar e déficit do último exercício chega a mais de R$ 24 bilhões. Nesse montante, estão inseridas dívidas com fornecedores, 13º de 2018 com os servidores, repasses aos municípios retidos, entre outros.
"Diante deste panorama, o Governo de Minas Gerais trabalha para reequilibrar suas contas, com o objetivo de reduzir despesas, com urgência, para haver a retomada da capacidade de pagamento dos compromissos do Estado. (...) O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, está aberto ao diálogo para apresentar com transparência a verdadeira situação financeira do Estado, já abordada nesta nota de esclarecimento. E, principalmente, o que está sendo feito para sanar as contas em aberto com servidores, prefeitos e fornecedores", diz parte da nota.