Francis Hime tinha 17 anos quando conheceu o poeta Vinicius de Moraes, em 1956. Foi numa festa na casa dos pais de Hime que o futuro parceiro, celebrando o sucesso de sua peça Orfeu da Conceição, ouviu o garoto tocar sua Valsa de Eurídice. Ficou encantado, virou-se para a mãe de Francis e disse: "Ô, Dália, tem de botar esse menino para aprender música". Mal sabia Vinicius que o prodígio já era uma espécie de Mozart carioca, incentivado por dona Dália Antonina, sensível pintora e autora da tela que ilustra a capa do seu disco Sonho de Moço (1981), um retrato de Francis exatamente aos 6 anos de idade, época em que começou suas aulas de piano. Aos 25 anos, Vinicius voltou à carga, dessa vez para propor ao jovem uma parceria. Foi assim que nasceu Sem Mais Adeus, em 1964.
Para comemorar os 50 anos da canção e da amizade com Vinicius (1913-1980), além do centenário de nascimento do poeta, Francis e sua mulher Olívia Hime sobem neste sábado, 11, e domingo, 12, ao palco do Sesc Vila Mariana, no show Sem Mais Adeus: Uma Homenagem a Vinicius de Moraes.
Com roteiro do casal e direção de Flávio Marinho, o show traz apenas três das 12 canções que Francis compôs em dupla com Vinicius - Anoiteceu, Saudade de Amar e Sem Mais Adeus. É para dar espaço a outras obras-primas feitas em parceria com Tom Jobim (Insensatez, A Felicidade, Chega de Saudade, Pela Luz dos Olhos Teus) e Baden Powell (Berimbau), entre outros.
Entram no show poemas de Vinicius na voz de Olívia e uma canção estrangeira que ela canta em homenagem a Vinicius: Nature Boy, composta em 1947 pelo proto-hippie americano Eden Ahbez (1908-1995) e usada num filme clássico de Joseph Losey, O Menino dos Cabelos Verdes (1948). Vinicius, como se sabe, foi cinéfilo. Sua breve carreira como censor cinematográfico durante o Estado Novo serviu pelo menos para descobrir os grandes diretores.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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