Dona Marília saiu de Campo Grande, Dilson veio de Feira de Santana, Capitão Tenório cruzou estradas do sertão desde Caruaru. Como eles, diversos admiradores ou 'seguidores' (como muitos fazem questão de frisar) de Luiz Gonzaga (1912-1989) deixaram para trás casa, família, animais de estimação e amigos, como em incontáveis histórias de retirantes, que, fugindo da seca, vão tentar a vida em cidades mais promissoras. Desta vez, porém, cheios de alegria, esses nordestinos fizeram o caminho inverso, só para participar do evento "Gonzagão 100 anos" no Exu, cidade natal do maior compositor conterrâneo deles de todos os tempos e um dos pilares da música brasileira.
Voltando à seca da região onde não chovia havia seis meses para enfim presenciar uma chuvarada no domingo, aqui viram shows de artistas do porte de Gilberto Gil, Dominguinhos, Elba Ramalho, Quinteto Violado e Waldonys, além de vários outros, em quatro palcos, acompanharam missas solenes, participaram de oficinas, seminários, exibições de filmes, espetáculos de dança, feiras de cultura, rodas de poesia, contação de causos.
Seja recordando o cancioneiro gonzaguiano como apresentando repertório próprio, esses cantores, compositores e instrumentistas deram uma panorâmica desde as raízes até as influências do Rei do Baião, mestre inconteste de todos os convidados.
Ao som da sanfona, seu instrumento característico, clássicos como "Olha pro Céu", "Qui nem Jiló", "Xote das Meninas" e o hino "Asa Branca" foram repetidos incontáveis vezes no Exu e no Recife, onde também se celebrou a data com shows de grandes ídolos para quem Gonzagão é forte referência, entre eles Alceu Valença e Fagner. Na cidade natal do mestre Lua, Elba reuniu o maior público na sexta-feira, estimado entre 40 mil (pelo Corpo de Bombeiros) e 50 mil (pela produção do evento).
Realizado pela Fundarpe (Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco) e pelo governo do Estado, o festival custou R$ 3,2 milhões apenas no Exu, segundo a Secretaria de Cultura. Em cerimônia no dia do aniversário de Gonzaga (13 de dezembro), o governador Eduardo Campos anunciou a desapropriação do parque Aza Branca (com z mesmo, como se escrevia antigamente) e deixou no ar uma polêmica. O Estado oferecia R$ 3 milhões pelo parque onde estão situados o mausoléu de Luiz Gonzaga, enterrado ao lado do pai, Januário, o museu em sua homenagem e a casa onde viveu. A família proprietária do imóvel pede valor mais alto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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