Ela nasceu em Belo Horizonte, se mudou jovem para o Rio de Janeiro e hoje mora em São Paulo. Uma artista que se sente cidadã do mundo, capaz de vivenciar diferentes geografias. É essa pluralidade cultural que Silvia Nicolatto explora em seu segundo álbum, “Cantiga”, lançado recentemente de forma independente. Quase todo autoral (a exceção é “Canoa Canoa”, de Nelson Ângelo e Fernando Brant), o álbum trata das mais diferentes manifestações culturais/geográficas brasileiras. Começa com um almoço popular, parte para um samba de roda informal, trata de uma garota de saia rodada e chinelo de dedo, chora o excesso de barulho das cidades grandes. “Em determinado momento a gente segue e muda. Tem necessidade de seguir a estrada. Quanto mais chão tiver, melhor. Me mudei para São Paulo há quatro anos, mas não sei quanto tempo fico. Estou trocando o endereço”, conta a artista, que dividiu a produção do álbum com Rodrigo de Castro Lopes – exceto a faixa “Sol da Imensidão”, arranjada pelo exímio violonista Emiliano de Castro. Por sinal, o álbum foi desenvolvido com várias participações especiais, algumas bem destacadas, como o violonista Luis Claudio Ramos (da banda de Chico Buarque) e o multi-instrumentista e compositor Rodrigo Lessa (fundador do Pagode Jazz Sardinhas Club). De Minas, o convidado foi o violinista Paulo Sérgio Thomaz. Cornwall O disco chega pouco tempo depois de um projeto que trouxe oportunidades diferenciadas para Silvia. Depois de fazer amizade com o músico inglês Pete Turner durante um passeio em Teresópolis, veio o convite para uma parceria entre a cantora brasileira e um grupo que divulga a cultura musical da região de Cornwall, na Inglaterra. A mistura deu liga e rendeu uma turnê britânica em 2011 e a apresentação de Silvia em um evento dedicado à cultura córnica em 2013. No repertório, várias parcerias. A primeira aconteceu quando o músico Neil Davey lhe mandou a composição instrumental “The King Harry Ferry Furry”. “É uma música tão celta, com uma linha de melodia no bandolim muito linda. Procurei um texto do Mario de Andrade sobre o nascimento do som na Amazônia e fiz uma letra sobre isso. É como se pegasse o meu barco e colocasse no rio deles”, conta. O encontro Brasil-Cornwall gerou ainda o disco “Silvia Nicolatto and her Anglo Cornish Friends”, lançado apenas na Europa. No disco estão quatro parcerias entre a cantora e os amigos córnicos, músicas autorais dos dois lados e uma versão diferenciada para “Pau de Arara”, de Luiz Gonzaga. “Quando fui convidada para o festival anglo-córnico, quis levar um pouco de nosso repertório, como Gonzagão, Pixinguinha e Tom Jobim. O público adorou. Fizemos ‘Peixinhos do Mar’ com arranjo córnico e ficou muito lindo”, diz Silvia.