Sindicato dos motoristas usa PM como segurança, em São Paulo

Caio do Valle
13/07/2013 às 10:12.
Atualizado em 20/11/2021 às 20:01

O presidente do sindicato dos motoristas e cobradores de ônibus de São Paulo (Sindmotoristas), Isao Hosogi, o Jorginho, disse nesta sexta-feira (12) que emprega PMs em sua segurança - dois da ativa e um da reserva. Na noite de quarta-feira (10), quando houve um tiroteio na frente da sede da entidade, havia dois vigias, ambos armados, com ele. Jorginho nega que os agentes tenham atirado em um grupo da oposição na rua. Mas a perícia aponta que disparos foram feitos tanto de dentro quanto de fora do prédio.

Já o candidato adversário de Jorginho nas eleições que definirão o comando do sindicato pelos próximos cinco anos, José Valdevan de Jesus Santos, o Noventa, afirma que tiros partiram de alguns andares do edifício, entre eles do 5.º pavimento, onde fica a presidência. "O pessoal estava localizado no 4.º, no 5.º e no 2.º andar. Soltaram rojão, bomba e tiro."

Noventa acompanhava um protesto contra o pleito. Houve quebra-quebra entre os manifestantes e seguranças e a fachada do sindicato foi vandalizada. Dez pessoas se feriram - uma está em estado grave.

O boletim de ocorrência revela que o perito criminal constatou indícios de tiros feitos tanto de fora quanto de dentro do prédio. Segundo ele, havia "seis disparos no portão de ferro na entrada do edifício e duas perfurações no muro na frente do prédio, aparentemente efetuados de dentro do edifício". Questionado, Jorginho diz que seus seguranças "não têm ordem para atirar em ninguém".

Segundo ele, há um contrato do Sindmotoristas com PMs, que trabalham sem farda. A Polícia Militar informou que não permite que os agentes façam "bicos". Jorginho contou que havia policiais civis no sindicato durante o confronto e que trabalhavam "a serviço de alguém". A Secretaria da Segurança Pública informou que as Corregedorias das Polícias Civil e Militar vão investigar o caso.

A briga pelo comando do Sindmotoristas envolve poder político e a gestão de um orçamento anual de cerca de R$ 15 milhões. A oposição diz que o sindicato fraudou a lista de eleitores e que não teve acesso às urnas antes da votação. O sindicato diz que a oposição não quer eleição e que não entregou a lista de mesários no prazo. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
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