(Pixabay/Divulgação)
Os sintomas da cardiomiopatia de Takotsubo são bem parecidos com os de uma doença, digamos, mais “familiar”: o infarto. Com a pandemia, essa doença pouco falada e também batizada como “síndrome do coração partido”, pode se agravar e vem avançando entre as mulheres.
Segundo a especialista em Clínica Médica e Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) Patricia Lages, durante a pandemia houve alta de quatro a cinco vezes no diagnóstico dessa patologia. “O momento afetou severamente a saúde emocional de todos: o medo do contágio, a perda de entes queridos, a piora da condição econômica, tudo isso contribuiu para elevar os níveis de estresse, ansiedade e surgimento ou piora de quadros de depressão, aumentando o número de casos da doença”, avalia.
O turbilhão de emoções que também engloba momentos de extrema felicidade, como casamentos, nascimentos ou festas surpresa, influencia no enfraquecimento da câmara principal de bombeamento do coração e causa o surgimento da enfermidade.
"A descarga acentuada de adrenalina na corrente sanguínea causa uma desordem transitória, na maioria das vezes, e segmentar no ápice do ventrículo esquerdo, que provoca falhas no bombeamento de sangue e pode, inclusive, muito raramente, levar à morte”, alerta a especialista.
Com o desarranjo, a câmara do coração assume um formato semelhante ao de um vaso usado para pescar polvos, muito utilizado no Japão, por isso: tako = polvo + tsubo = vaso, pote.
Esse fator causa o surgimento de sintomas como falta de ar, dor no peito, sudorese, arritmias, fadiga e tontura, que podem ser facilmente confundidos com o infarto.
“O que irá diferenciar é que na síndrome de Takotsubo, durante análise pelo cateterismo, os vasos permanecem normais, sem obstrução, ou seja, sem entupimento das artérias. Já no infarto ocorre o entupimento”, esclarece Patrícia Lages.
O Diretor Científico do Grupo de Estudos de Miocardiopatias ligado ao Departamento de Insuficiência Cardíaca da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) Evandro Tinoco Mesquita explica que a doença, também observada em homens, é mais comum em mulheres porque, embora não haja uma explicação científica, a hipótese apontada é que há uma relação com a queda do estrogênio feminino. “Após a menopausa, o risco é maior porque existe um déficit desse hormônio que é um elemento importante da microcirculação”, explica.
Evandro Tinoco ainda alerta que para homem ou mulher, quando há qualquer sintoma citado, o ideal é buscar ajuda médica.
A ação às primeiras manifestações deve ser urgente, com exames clínicos, ecocardiografia e cateterismo cardíaco conduzidos por um médico habilitado, capaz de identificar a diferença entre o Takotsubo e o infarto.
O tratamento para a síndrome do coração partido geralmente é feito com medicamentos que reduzem a pressão arterial e controlam a frequência cardíaca para normalizar o funcionamento do órgão. Em casos graves é utilizado o suporte mecânico.
Não há evidências científicas de uma estratégia para evitar a doença, mas o médico acredita que bons hábitos com foco na redução do estresse podem ajudar. “Técnicas de relaxamento e atividade física podem ser boas opções”.
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