Síria considera unificação de opositores uma 'declaração de guerra'

AFP
14/11/2012 às 19:20.
Atualizado em 21/11/2021 às 18:17

  DAMASCO - A Síria considerou nesta quarta-feira (14) como uma "declaração de guerra" a união dos grupos opositores ao regime de Bashar al-Assad, realizada na semana passada em Doha, e denunciou com veemência o fornecimento de armas para os rebeldes pela França.   No terreno, os tanques do Exército sírio atacaram Damasco e sua região, enquanto combates perto da fronteira turca causaram 20 mortes. Entre as vítimas estão pelo menos 18 soldados do regime, que recua para o noroeste curdo, de acordo com uma ONG síria.   Após a unificação da oposição, a França reconheceu a Coalizão como a "única representante do povo sírio e, portanto, como futuro governo provisório da Síria democrática".   Os Estados Unidos, por sua vez, afirmaram que a Coalizão é "o representante legítimo do povo sírio", mas preferiram não mencionar um Poder Executivo provisório, antes que prove representar todos os sírios.   Ao reagir pela primeira vez desde a formação da coalizão na semana passada, o vice-ministro sírio das Relações Exteriores, Faisal Mekdad, denunciou uma posição "imoral" da França.   Citando uma "posição arrogante" ditada, segundo ele, pelo "passado colonialista da França", considerou que essa "interferência flagrante nos assuntos internos sírios viola a Carta das Nações Unidas".   Declaração de guerra   Ao reconhecer na reunião de Doha uma "declaração de guerra", Mekdad acusou a oposição de não querer "resolver pacificamente a crise" ao rejeitar "qualquer diálogo com o governo".   "Estamos prontos para discutir com a oposição síria que tem sua direção na Síria e não com a fabricada ou dirigida em outra parte", afirmou. A Síria e seus aliados intensificaram os apelos por uma negociação, rejeitada pela oposição, que exige como condição prévia a saída de Assad.   Aliado do regime sírio, o primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, que afirmou não apoiar nenhum lado do conflito sírio "ao contrário do que se pensa", criticou as posições "parciais" dos países que apoiam a oposição.   Além disso, Mekdad acusou a França de armar os rebeldes, o que "necessariamente a torna responsável pela morte de milhares de sírios", ao fornecer "apoio financeiro e técnico para os terroristas".   Também considerou "inaceitável" um eventual fornecimento de armas para os rebeldes por parte da França.   O recém-eleito líder da oposição, Ahmed Moaz al-Khatib, pediu aos países estrangeiros "armas adequadas", no momento em que o conflito já causou 37 mil mortes em 20 meses, de acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).   Enquanto vários Estados do Golfo, principalmente o Qatar, pedem para armar a rebelião, os países ocidentais, com os Estados Unidos na liderança, rejeitam essa opção, temendo que essas armas caiam nas mãos de extremistas.   Nesta quarta-feira, os ministros das Relações Exteriores do Golfo e da Rússia vão se reunir em Riad para discutir o caso sírio.   Em 30 de novembro, o Japão receberá uma reunião dos "Amigos do povo sírio" que mencionará em particular o reforço das sanções já aplicadas.   Por outro lado, a aviação e a artilharia atacaram novamente Damasco e o noroeste da Síria, de acordo com o OSDH, depois de um dia sangrento, com um registro de 189 mortos.   Nesta quarta-feira 18 soldados foram mortos em combates nos arredores do posto fronteiriço de Rass Al-Ain, na fronteira com a Turquia, país que está preparado para responder a qualquer violação de seu espaço aéreo pela aviação Síria.   Antes destes atos de violência que causaram 48 mortes nesta quarta, segundo o OSDH, os Estados Unidos haviam anunciado mais 30 milhões de dólares em ajuda humanitária, o que eleva para mais de 165 milhões de dólares no início do inverno.

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