Síria livre da invasão

Hoje em Dia
15/09/2013 às 08:43.
Atualizado em 20/11/2021 às 12:25

O mundo está menos perigoso hoje do que há alguns dias atrás. No caso Síria versus Estados Unidos – ou Bashar al-Assad versus Barack Obama – as palavras foram mais fortes que as armas, a diplomacia se sobrepujou às forças armadas dos dois países. Prevaleceu o bom-senso, após três dias de negociações em Genebra entre representantes dos Estados Unidos e da Rússia, que ontem anunciaram um plano para evitar a guerra.

O presidente sírio, diante da iminência de um ataque dos Estados Unidos, se dispôs a entregar todas as suas armas químicas à ONU para que sejam destruídas. Assad era acusado pelos Estados Unidos de tê-las usadas em território dominado pelos rebeldes que há dois anos e meio tentam tomar o poder na Síria. O governo nega, e o presidente russo, Vladimir Putin, em carta aberta publicada há quatro dias pelo jornal ‘New York Times’, argumentou ser mais provável que as armas tenham sido usadas pelos opositores para levar os EUA a atacar o país.

Na carta, que teve grande repercussão, Putin disse haver poucos defensores da democracia na guerra civil, “mas há mais do que o suficiente, combatentes da Al-Qaeda e extremistas de todo tipo lutando contra o governo”.
Se há algo positivo nesse episódio das armas químicas, no qual os EUA afirmam que 1.429 civis morreram provavelmente pelo uso de gás sarin – e outras 110 mil morreram por armas convencionais, nos 30 meses de conflito – ele está no fato de que, finalmente, o governo americano parece aceitar que não é o xerife do mundo. Que intervenções em outros países, sem autorização do Conselho de Segurança das Nações Unidas, estavam deixando o mundo muito mais perigoso. No extremo, estaríamos de volta à situação que resultou na II Guerra Mundial. A ONU foi criada para evitar um novo conflito mundial, e o que se vê é que ela vem sendo enfraquecida nos últimos anos, sobretudo com a invasão do Iraque.

Após fechar o acordo com o chanceler russo, Serguei Lavrov, o secretário de Estado americano, John Kerry, em pronunciamento em Genebra, disse que se Assad não cumprir o plano, EUA e Rússia vão buscar uma forma de sanção, incluindo até mesmo uma ação militar, com base em resolução da ONU. É como deve ser, mas não se espera que o presidente sírio descumpra o plano.

O acordo foi bem recebido por líderes mundiais, mas não pelo líder da oposição síria, general Selim Idris, o “chefe do Conselho Militar Supremo”. Não é mesmo possível agradar a todos. 

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