Sisbov quer regularizar a produção de gado rastreado

Jornal O Norte
22/10/2007 às 15:11.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:20

Valéria Esteves


Repórter


valeria@onorte.net

Com o objetivo de melhorar a qualidade genética do rebanho mineiro o governo do Estado quer intensificar a campanha que aconselha o produtor a aderir ao Sisbov-Serviço Brasileiro de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos.

Para o presidente do Sindicato Rural de Montes Claros, Júlio Pereira todos os pecuaristas que desejam exportar carne terão que aderir ao programa Sisbov por determinação do ministério que quer ser mais rigoroso quanto à sanidade do produto brasileiro que chegará ao mercado externo. Devido à crise originada pelos focos de febre aftosa que assolou os estados do Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo o MA-Ministério da Agricultura quer rastrear os animais das fazendas a fim de que seja mais ordenado o rastreamento do rebanho.

O Sisbov é resultante de um ano e meio de trabalho conjunto com representantes de toda a cadeia produtiva da carne e representa uma matriz de rastreabilidade com base no conceito da propriedade rastreada, disse o Ministério da Agricultura. O sistema é de adesão voluntária, permanecendo a obrigatoriedade nos casos de comercialização para mercados que exijam rastreabilidade, como a União Européia, Chile e Reino Unido.

Júlio contou que a classe ruralista esteve reunida com o presidente do Ima- Instituto mineiro de agropecuária, Altino Rodrigues Neto no último ano para saber das medidas adotadas pelo Sisbov, já que gradativamente as fazendas que trabalham com exportação terão que aderir ao processo. No Norte de Minas cerca de 300 a 400 propriedades trabalham com gado para exportação, sendo que comercializam seus animais com o frigorífico Independência em Janaúba, ou o Mataboi e Bertim, do Triângulo Mineiro.

Hoje o Independência abate diariamente aproximadamente 450 cabeças com previsão de que esse número chegue a mil em 2007.  No ano passado, a região teve um acréscimo de 10% em seu plantel, portanto, hoje a marca é de 2,270 milhões cabeças.

Segundo a assessoria o presidente da Sociedade Rural de Montes Claros, Alexandre Vianna, afirmou que nesta semana o secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Márcio Portocarrero, afirmou que o prazo para os pecuaristas migrarem do antigo para o novo Sisbov não será prorrogado. O descumprimento do prazo implicará na perda de rastreabilidade dos animais, já que o modelo antigo será extinto no dia 1º de janeiro de 2008.

Uma das reivindicações dos ruralistas é quanto ao atendimento do IMA- Instituto mineiro de agropecuária na região. Eles querem que tanto o IMA como a Emater trabalhem na formação de grupos de pequenos produtores rurais, com o objetivo facilitar o encaminhamento de negociações dos sindicatos rurais com as empresas certificadoras de rastreabilidade. Além disso, a classe anseia que se implante um projeto piloto de vacinação assistida, visando a redução do número de vacinações anuais que os produtores são obrigados a fazer em seus rebanhos, envolvendo os animais adultos.

LINHAS DE CRÉDITO

Enquanto os produtores querem mais linhas específicas de crédito, o BNB- banco do Nordeste informa que até o momento foram aplicados cerca de R$ 160,6 milhões na região, sendo esses recursos oriundos do FNE- Fundo Constitucional de financiamento do Nordeste. Desse total cerca de R$ 80,5 milhões foram investidos na pecuária norte-mineira, onde se destinou a recria e engorda do rebanho regional. Até dezembro de 2007 serão aplicados, segundo o BNB, aproximadamente R$ 200 milhões no Norte de Minas.

BALANÇO DO SISBOV

Conforme relatou a assessoria da Sociedade Rural, houve na última semana uma reunião preparatória para receber a missão européia que virá ao Brasil em novembro. Na oportunidade, técnicos do MA-Ministério da Agricultura fizeram um balanço sobre o total de animais inseridos no antigo e no novo Sisbov.

Até o início desta semana o novo sistema contava com 8,8 milhões de bovinos vivos; 703,7 mil animais abatidos e 95,4 mil desligados (excluídos da base), totalizando pouco mais de 9,6 milhões de cabeças. Já no modelo antigo, e que será substituído a partir de 31 de dezembro, estão registrados mais de 76 milhões de cabeças, incluindo animais vivos, mortos e desligados.

A previsão do MA é de que até o dia 31 de dezembro sejam cadastradas no novo Sisbov cerca de 15 milhões de cabeças, o que suprirá com folga a demanda por carne bovina rastreada do Brasil. Dos 170 países importadores de carne brasileira, 54 exigem rastreabilidade, entre eles a União Européia.

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