Só a internet salva o caixa: comerciantes de BH usam redes sociais para tentar amenizar prejuízos

Paulo Henrique Lobato
phlobato@hojeemdia.com.br
20/03/2020 às 22:57.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:02
 (Riva Moreira)

(Riva Moreira)

Dona de uma loja de moda no bairro Padre Eustáquio, Noroeste de Belo Horizonte, Cristiane Elias passou a tarde de sexta-feira fotografando e filmando a filha, Laura, enquanto a jovem provava vários modelitos. “Vou postar nas redes sociais as fotos dela com as roupas e peças que vendemos. É uma forma de amenizar as perdas em razão do coronavírus”.

Assim como a comerciante, vários empresários da capital vão usar o Facebook, o Instagram e o WhatsApp como principais plataformas de vendas enquanto as lojas físicas permanecerem fechadas em razão da Covid-19. A meta é reduzir as perdas que já são grande com a pandemia, pois despesas como aluguel, fornecedores e salário precisam ser honradas.

“É uma forma de fazer girar (o capital). Neste momento, dois pontos são favorecidos. O primeiro é o meio online. O mercado, cada vez mais, caminha para ser multicanal, ou seja, fazer da maneira como consumidor achar melhor. Esta crise potencializa o online e o lojista vai ter de enxergar a oportunidade. O segundo ponto é logística para a entrega. Tem de ser bem feita”, avalia Fernando Cardoso, vice-presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH).
Como a maior parte das lojas está fechada, os comerciantes se comprometem a levar mercadorias aos clientes. “Quem se interessar pelas roupas, vai receber em casa sem custo adicional. É uma forma de as vendas não pararem completamente”.

A também empresária Giselle Vasconcelos, dona de um pet shop no mesmo bairro, adotou a estratégia. O estabelecimento está fechado por tempo indeterminado, mas o estoque está à disposição dos fregueses.  “Os serviços de banho e tosa não serão feitos. E tenho pacotes de ração para cães e gatos. Desta forma, vou postar nas redes sociais a informação de que entregarei na casa dos clientes sem taxa adicional. Para isso, basta me enviarem WhatsApp ou me informarem pelo Instagram ou Facebook”, disse.

É importante fazer planejamento para os novos desafios e, se possível, investir na plataforma digital. Fábio Bindes, consultor de marketing digital aplicado ao varejo e CEO do grupo Lago Franquias S.A., explica aos clientes a importância de tais plataformas nos dias de hoje, sobretudo diante da Covid-19.

“Estamos sentindo essa crise do coronavírus nas mais diversas formas, dependendo do tipo de negcios. O que tem de comum é que todos estão sofrendo queda nas vendas. Com a crise, é possível perceber que o mundo está cada vez mais online e o coronavírus está acelerando esse processo”, comparou o especialista, recomendando aos comerciantes que invistam em anúncios patrocinados. 

“O que era uma habilidade importante está se tornando cada vez mais essencial! Devido ao cenário preocupante, alguns negócios estão pensando em interromper ou parar de anunciar online durante a crise. Eu acho esse caminho extremamente errado!”.

Para especialistas, em época de crise, como a da pandemia da Covid-19, planejamento e o uso adequado de ferramentas online se torna ainda mais fundamental para garantir a sobrevivência de todos os tipos e tamanhos de negócios 

 Consultores solidários apontam caminhos do marketing digital

Diante da crise, a solidariedade. Profissionais da área do marketing digital estão se oferecendo para consultorias gratuitas a empresários de todos os setores, sobretudo os microempreendedores, que não têm muito conhecimento sobre as plataformas digitais, como Instagram e Facebook.

Raphael Augusto, designer e consultor de marketing, destaca que é o mínimo que ele pode fazer num momento tão difícil para a economia brasileira.
“Quero dar uma força, principalmente, aos pequenos empreendedores, neste momento complicado. Por isso, ofereço um pacote de artes gráficas para que o comerciante ou prestadores de serviço possam postar comunicados e campanhas em suas redes sociais”. 

Augusto quer ajudar pessoas como “o vendedor de cachorro quente, o dono da pequena loja, o pequeno prestador de serviço”. “Há muitos microempresários que não sabem usar as redes sociais ou que não têm recurso para elaborar uma peça publicitária com qualidade. Daremos ainda uma consultoria gratuita”.

O CEO da Piquini Comunicação Estratégica, Marco Piquini, também irá dispensar parte de seu tempo para ajudar empresários aflitos. 
Até março, o especialista irá oferecer consultoria gratuita a pequenas e médias empresas que estejam com dificuldade de articular sua comunicação com empregados, clientes e fornecedores nesse momento de crise. 

Cada consultoria terá duração de 60 minutos e será online. De acordo com ele, em momentos delicados como o causado pela pandemia do coronavírus, as empresas precisam definir o que dizer e como dizer: “A mensagem, a linguagem e o tom da comunicação precisam transmitir as reais intenções da empresa”, diz Piquini. 

“Sem preparação, as empresas podem ser vistas como oportunistas”, acrescenta o consultor. 

Embora “as empresas precisem vender para se manter vivas”, trata-se, segundo Piquini, de um momento de pensar no lado social e cuidar da reputação da marca: 
“Empresas podem transmitir mensagens de solidariedade ou desenvolver ações de boa vontade, como algumas padarias brasileiras que estão distribuindo gratuitamente parte de sua produção, ou como a LVHM, perfumaria francesa que trocou sua produção de perfumes para álcool em gel para a população, ação que já começou a ser copiada em todo o mundo”, exemplifica.

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