(Renata Evangelita/Hoje em Dia)
Seis cidades de quatro regiões mineiras têm notificações da síndrome nefroneural, doença que teria sido provocada pela ingestão de cerveja contaminada. Os casos suspeitos estão concentrados em BH. Nesta terça-feira, a Backer admitiu a presença de substância tóxica no tanque de produção da bebida após vistoria própria e orientou as pessoas a não consumir a marca – sob investigação de uma força-tarefa.
A diretora de marketing da empresa, Paula Lebbos, foi categórica: “não bebam a Belorizontina”. O rótulo – assim como a Capixaba, vendida no Espírito Santo – é produzido no tanque que teve a substância tóxica dietilenoglicol detectada.
A representante da cervejaria prestou solidariedade às vítimas e familiares. Disse que a empresa estruturou uma equipe para entrar em contato com as pessoas, oferecendo ajuda. “Estamos assustados com tudo isso que tem ocorrido. É surpresa para nós, como é para vocês. Estou sem dormir”.
Paula Lebbos concedeu entrevista na fábrica, no bairro Olhos D’Água, zona Oeste de BH. Lá, análises químicas e de engenharia foram realizadas em nova varredura feita pela Polícia Civil e Ministério da Agricultura. Detalhes sobre a ação conjunta serão divulgados “em momento oportuno”, informa nota enviada pela corporação.
Casos
O último boletim divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) segue com 17 casos suspeitos, sendo 16 homens e uma mulher. Doze são moradores de BH.
Conforme o comunicado, os demais foram registrados em Nova Lima (região metropolitana), Ubá e Viçosa (Zona da Mata), São Lourenço (Sul do Estado) e São João del-Rei (Campo das Vertentes).
Até o momento, exames de sangue de quatro pacientes confirmaram a doença, que tem como sintomas insuficiência renal e distúrbios neurológicos. Um homem de 55 anos morreu.
Pode aumentar
Outro óbito é investigado. A morte de uma mulher de 60 anos, moradora de Pompéu, no último dia 28, não consta no boletim da SES-MG.
Segundo a Secretaria de Saúde do município do no Centro-Oeste mineiro, a idosa esteve em BH no fim de 2019, bebeu a Belorizontina e apresentou sintomas semelhantes aos da síndrome nefroneural.
A SES reafirmou: notificações suspeitas devem ser comunicadas em até 24 horas.
Na Justiça, empresa pede mais tempo para realizar recall
Após a ordem do Ministério da Agricultura para recolher todos os 21 rótulos produzidos desde outubro pela Backer, a cervejaria informou[/TEXTO] ter acionado a Justiça pedindo mais tempo para realizar o recall. Em nota, a empresa disse que precisa de um prazo maior para atender a medida “da melhor maneira possível”.
A determinação do órgão federal foi anunciada na última segunda-feira, sob a alegação de “preservar a saúde dos consumidores” até que “seja descartada a possibilidade de contaminação”.
Apesar da ordem de recall, o Ministério reforçou que, até o momento, só foram encontrados vestígios de substâncias tóxicas na Belorizontina. Demais bebidas da Backer ainda são analisadas.
Na última sexta-feira, os fiscais da Agricultura já haviam interditado a fábrica da Backer. Foram apreendidos 139 mil litros de cerveja engarrafada e 8.480 litros de chope. Além disso, tanques e demais equipamentos de produção foram lacrados durante a vistoria.
“Não julguem”
Durante coletiva, a diretora de Marketing da cervejaria, Paula Lebbos, pediu para que a suspeita de intoxicação envolvendo a marca não afete o mercado cervejeiro do Estado.
“Não julguem. As cervejarias artesanais de Minas passam por processos que são todos bem auditados e monitorados”, disse.
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