Sobe o número de endividados em BH, mas ainda é possível recuperar o controle financeiro; veja como

Juliana Baeta
07/02/2019 às 18:08.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:26

As famílias belo-horizontinas acumularam mais dívidas em janeiro deste ano do que no mesmo período do ano passado. Segundo análise da Fecomércio-MG, isso se deve a uma sensação de inflação controlada, que ajudou a estimular ainda mais o consumo, e também é um reflexo do período natalino, que acabou sugando os recursos com as compras de Natal. Além disso, tradicionalmente, o mês de janeiro é um período de mais gastos devido aos pagamentos obrigatórios no início do ano, como o IPVA, IPTU e a matrícula nas escolas.

De acordo com o levantamento, cerca de 73% da população de Belo Horizonte ficou endividada em janeiro, enquanto no mesmo mês do ano passado, este índice foi de 67% e, em dezembro daquele ano, 70%. Os resultados foram divulgados na Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor elaborada pela Fecomércio-MG com dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviço e Turismo. 

Mas embora o número de pessoas endividadas esteja crescendo, isso não significa que elas não conseguem pagar as suas contas. O que comprova isto é o índice de inadimplência apontado na pesquisa e que diminuiu em janeiro, quando 32,8% dos entrevistados responderam que as contas estão em atraso. Esta foi a primeira baixa da inadimplência desde julho do ano passado. Em dezembro de 2018 o percentual registrado foi de 33,8%. 

O coordenador da Fecomércio, Guilherme Almeida, economista e especialista em finanças, explica. "Trata-se de um dado positivo, porque o endividamento não significa necessariamente inadimplência. A pessoa pode ter dívidas, muitas contas a pagar e, mesmo assim, quitar as suas dívidas na data de vencimento. A inadimplência sim, se tivesse aumentado, seria um dado negativo, porque é algo que deixa a pessoa à margem do consumo".   

A modalidade campeã de dívidas é o cartão de crédito, que subiu de 88,8% em dezembro passado para 89,8% em janeiro. O que coloca o crédito no topo do ranking do endividamento é justamente a relação que os consumidores têm com ele. 

"Muitas famílias acabam encarando esta modalidade como um complemento de renda. Elas recebem o salário no início do mês, os gastos acabam não comportando o orçamento e no fim elas recorrem ao cartão de crédito. O que tem que mudar é como as famílias encaram o crédito, ele deve ser um aliado para o planejamento e não um complemento de renda", analisa o especialista. 

Dicas para sair do vermelho

A primeira dica do economista para manter o controle do orçamento é o planejamento financeiro. "Parece bobagem e muitas famílias não fazem este planejamento, ou, se fazem, não o seguem. Mas é preciso que haja uma reflexão deste contexto. As pessoas precisam criar o hábito de apontarem seus gastos e receitas e manterem um padrão de vida dentro deste orçamento. Muitas vezes, os consumidores acabam ficando endividados justamente porque não têm o vislumbre do seu orçamento", explica. 

Além de colocar na ponta do lápis os gastos e receitas, outra dica é tentar renegociar as dívidas em aberto. "Muitas vezes é possível ter descontos para regularizar a situação", lembra. 

E manter, neste ano, outra filosofia de vida em termos de finanças pessoais é a terceira orientação para manter a saúde financeira em dia. "Com a falta de planejamento, muitas famílias acabam adotando estilos de vida que não cabem em seu orçamento. Vale lembrar que o custo de vida em grandes centros urbanos tem aumentado muito, gastos como aluguel e alimentação, por exemplo. Então, as pessoas devem priorizar os gastos essenciais e evitar modalidades de pagamento em que a taxa de juros é muito alta, como o cartão de crédito", explica. 

Desta forma, com as metas atingidas, é possível até mesmo passar para a próxima fazer e começar a fazer investimentos, como sugere o economista. 

Planejamento 

Para fazer um planejamento financeiro não é preciso ter mais gastos, basta um caderninho e uma caneta para ir anotando as receitas, como o salário recebido, e os gastos mensais - desde os mais simples, como a compra de um cafezinho.  

"Em alguns casos, as pessoas têm mais dificuldades mesmo de entender, por exemplo, as taxas de juros ou o que significam determinadas taxas nos boletos. Mas o planejamento financeiro é algo muito simples de ser feito, basta se sentar e anotar no caderninho. Muitas vezes as pessoas acabam se espantando sobre o quão capazes elas são de fazer isso", conclui. 

É possível também recorrer a ajuda da tecnologia para o planejamento, já que há muitos aplicativos gratuitos disponíveis nos celulares que auxiliam neste controle e indicam até mesmo quando as melhores decisões podem ser tomadas em se tratando de consumo.  

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