Sobre a alta do minério

27/04/2016 às 16:23.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:10

O atual preço do minério de ferro não representa nem metade do que foi no pico histórico de abril de 2011, na fase de ouro do boom das commodities metálicas. Mas é um grande alento para as mineradoras que a cotação tenha ultrapassado a casa dos US$ 70 a tonelada na semana passada (62% de teor entregue no porto de Tianjin), patamar que não era atingido desde novembro de 2014.

O período da atual onda de recuperação ainda é curto e os preços estão sujeitos a grande volatilidade, o que dificulta projeções. Ontem, os preços voltavam a cair a US$ 62. Ninguém garante, portanto, que a alta se sustentará no médio e longo prazos. Mas existe sinais de que o movimento, desta vez, está se dando de maneira mais estruturada.

O preço do minério bateu no piso em dezembro do ano passado, quando registrou média de US$ 39,60 a tonelada e a mínima testou romper a linha de corte dos US$ 30 (dados da Index Mundi). Desde então, já são quase quatro meses de recuperação continuada, algo que não se via desde a passagem de 2010 para 2011.

Além disso, não são mais os estoques das grandes tradings chinesas de importação de minério que estão influenciando as cotações, mas os volumes ofertados pelos produtores e a demanda da siderurgia daquele país.

Dados da World Steel Association apontam que a produção de aço na China, maior importador mundial de minério, cresceu 2,9% em março contra o mesmo mês de 2015. Já na comparação com fevereiro, o aumento foi de 14%. O que ocorre é que as siderúrgicas chinesas conseguiram, no início do ano, impôr reajustes significativos na renovação dos contratos com clientes. Com margens recompostas, estão aumentando volumes para aproveitar o momento de melhor rentabilidade.

A este crescimento da demanda se soma um recuo na oferta. Na semana passada, a Vale, a maior do mundo em minério de ferro, informou que a produção no primeiro trimestre caiu 12,3% contra o trimestre imediatamente anterior. As outras duas grandes, Rio Tinto e BHP Billiton, já anunciaram redução na expectativa de volumes para este e o próximo ano.

Ao que sinalizaram, as três gigantes, que dominam o comércio mundial de minério de ferro, desistiram da estratégia de derrubar as cotações, impondo grandes volumes, com o objetivo de tirar do mercado as centenas de pequenas mineradoras chinesas que trabalham com minérios pobres e custos altos. Agora, o objetivo voltou a ser ganhar dinheiro.

Usiminas
Na próxima quinta-feira, acontece a Assembleia Geral Ordinária da Usiminas para eleger o novo Conselho de Administração. Se prevalecer o entendimento do procurador do Cons[/TXT_COL]elho administrativo de Defesa Econômica (Cade), Victor Rufino, de flexibilização das restrições impostas à CSN e pelo direito de Benjamin Steinbruch indicar dois nomes para o Conselho, complica-se o processo de capitalização da siderúrgica mineira.

Os sócios que hoje fazem parte do Acordo de Acionistas, Ternium/Techint e Nippon Steel, estão brigados há mais de um ano, mas concordam em colocar dinheiro no caixa da empresa (a proposta já aprovada é de um aumento de capital de R$ 1 bilhão) para tirar a Usiminas da atual situação pré-falimentar. Mas Steinbruch é contra a capitalização, já que está impedido de comprar novas ações e, por isso, terá sua participação pulverizada. Já entrou, inclusive, com dois pedidos de liminares na justiça para barrar o processo.

Se conseguir os dois assentos, Steinbruch ainda não terá força para impedir a capitalização, mas ganhará um palanque para desestabilizar e complicar o processo.

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