Sobretaxa da água provoca corrida a projetos para redução do consumo

Tatiana Moraes - Hoje em Dia
03/02/2015 às 08:37.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:53
 (Carlos Rhienck)

(Carlos Rhienck)

A declaração do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, de que os consumidores que gastarem mais água do que nos últimos 12 meses poderão ser sobretaxados multiplicou a procura por empresasque vendem produtos e elaboram projetos que ajudam a reduzir o consumo do recurso. A possibilidade de um apagão energético também elevou a demanda por itens que diminuem o uso de eletricidade. Em alguns casos, as consultas e orçamentos chegaram aumentar 100%.
É o caso da Agência Energia, empresa especializada em projetos para racionalização de energia e água. Desde o anúncio do governador sobre a possibilidade de sobretaxa, o telefone da empresa não parou de tocar. As principais solicitações, de acordo com o diretor Rodrigo Cunha Trindade, são referentes à geração de energia a partir de placas fotovoltaicas. Ou seja, a partir da luz do sol.
“As consultas duplicaram”, diz Trindade. Embora ele não informe o valor do gasto, o executivo afirma que o montante se paga em seis anos.
Os orçamentos e esclarecimentos a respeito de projetos para aquecimento de água a partir da luz do sol e de gás, outra especialidade da empresa, também aumentaram. No entanto, com menos intensidade. “Como as pessoas já conhecem como funcionam esses tipos de sistemas, elas ligam menos. Mas temos recebido consultas também”, afirma Trindade.
Trindade, que também é vice-presidente de relações institucionais da Associação Brasileira de Engenharia de Sistemas Prediais (ABRASIP-MG), explica que o chuveiro é responsável por entre 60% e 70% do consumo de água de uma residência. Se melhor aproveitado, ele pode reduzir, e muito, o gasto com esse valioso recurso. Além de aquecer a água a partir do sol, o empresário aconselha em seus projetos o uso de aeradores nas duchas. O equipamento pode reduzir o consumo em até 40%. “O aerador mistura ar na água. Garante mais conforto e usa menos água”, comenta.
Outro tipo de projeto que tem chamado a atenção de construtoras e síndicos é para o reaproveitamento de água. De acordo com Ítalo Batista, diretor-proprietário da Proerg, empresa especializada no assunto, a consulta por esse tipo de projeto aumentou pelo menos 30% nos últimos dias.
É possível aproveitar a água da chuva para molhar jardins e para a lavagem de veículos, garagens e pátios. Além disso, há o reaproveitamento da água cinza. Nesse caso, é montado no prédio uma estação de tratamento para reutilizar a água dos apartamentos, com exceção do que vem do vaso sanitário e da pia da cozinha.
“Conseguimos utilizar água do chuveiro, da máquina de lavar louças, da máquina de lavar roupas e de todo o resto da residência”, afirma Batista.
De acordo com o empresário, em prédios que estão em construção, o custo para instalar esse tipo de sistema, que pode economizar até 50% de água, não é alto. Para edificações que já estão prontas, é necessária uma análise mais detalhada para saber o custo.
Consumidor investe em estoque particular de até 20 mil litros
Nos depósitos de construção e empresas especializadas, as caixas d’água são o item mais procurado. De acordo com o gerente do Depósito Contorno, localizado no bairro Santa Efigênia, na região Leste de Belo Horizonte, a consulta a respeito de preços do produto é constante.
“Sempre há alguém querendo saber quanto custa a caixa d’água, seja no telefone ou no balcão”, afirma. No depósito, uma caixa de 500 litros custa R$ 298 e de 1.000 litros sai por R$ 460.
Ele comenta que a maioria das pessoas que procuram o produto pretendem utilizá-la como reservatório.
“Todo mundo está com medo de ficar sem água. As pessoas querem comprar para guardar”, afirma.
Na fábrica de caixas d’água Sannox, localizada no bairro Bonfim, região Noroeste, há quem procure por produtos capazes de armazenar até 20 mil litros.
“Fabricamos até 1.000 litros, mas as pessoas querem caixas para guardar volumes bem maiores, principalmente para comércio.”, comenta o proprietário, Carlos Alberto dos Santos.
No local, as consultas aumentaram cerca de 30%. Uma caixa d’água de inox de 500 litros custa R$ 1.200. “Mas dura 15 anos”, garante o comerciante.
As válvulas de descarga também têm mais saída com a necessidade de economizar o “ouro azul”.
De acordo com o gerente de metais, louças e móveis da Telhanorte Marcelo Gutierres, uma bacia com caixa acoplada sem o sistema dual flush, que controla a quantidade de água, gasta 12 litros por descarga, ao passo que uma bacia com dual flush consome entre 3 e 6 litros de água por acionamento, redução de 50% no consumo do recurso. Já as duchas e chuveiros com restritor podem economizar até 60%.

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