(Tulaci Bhakti | UFMG/Divulgação)
A sobrevivência de aves endêmicas, tanto de áreas campestres quanto florestais, está cada vez mais ameaçada pela ação humana. Em Belo Horizonte, por exemplo, a Mata Izidora (região Norte) é uma das áreas afetadas, revela estudo da UFMG.Tulaci Bhakti | UFMG/Divulgação
Área remanescente de BH, Mata da Izidora é afetada pelo fenômeno; pelo menos 139 espécies de aves lutam pela sobrevivência no local
O cenário é causado por especulação imobiliária, queimadas, exposição do solo, mineração, desmatamentos, poluição do ar e da água, extração ilegal de plantas ornamentais e medicinais. Tais atividades, dizem pesquisadores, têm fragmentado ambientes fundamentais para a manutenção da vida animal.
Na Mata da Izidora, o cuitelão luta pela sobrevivência juntamente com outras 138 espécies catalogadas no local. A ave endêmica já figura na lista de espécies ameaçadas no mundo e está extinta em alguns estados brasileiros.
De acordo com os pesquisadores, em apenas seis anos, a mata remanescente perdeu 10% da área florestada e 20% da campestre, o que resultou em 50 hectares de floresta e 90 hectares de cerrado a menos.
Os dados constam do estudo “Crescimento urbano não planejado e seus potenciais impactos sobre as espécies de pássaros em uma cidade sul-americana”, de autoria do pesquisador Tulaci Bhakti, doutorando do programa de Pós-graduação em Ecologia, Conservação e Manejo de Vida Silvestre do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), da UFMG. O trabalho foi publicado na revista Floresta e Ambiente e também é assinado pelo professor Marcos Rodrigues e pelo pesquisador João Carlos Pena.
Muitas vezes, por falta de conhecimento, pessoas olham para essas áreas de cerrado como um lugar vazio esperando para ser ocupado. Planejam a retirada da vegetação nativa para construir alguma edificação e a posterior compensação com o plantio de grama ou alguma espécie frutífera”, comenta Tulaci.
Ele diz que o desafio é viabilizar ações que conciliem ecologia urbana e leis de uso e ocupação do solo, considerando a história dos bairros, a tradição das comunidades, a comunicação e interação com órgãos públicos e a academia.
A criação de parques e o aproveitamento dos próprios corredores verdes, como os parques lineares dos ribeirões do Onça e do Arrudas, são propostas para a preservação do microclima dessas áreas e podem contribuir para melhorar a qualidade de vida urbana.
*Com informações da UFMG