Somos viciados sim...

10/02/2017 às 18:56.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:51

Não é exagero afirmar que, mesmo com novidades como o treinamento em simuladores e as temidas balizas feitas com cones, sem a pressão de praticar numa situação real, os Centros de Formação de Condutores (CFC’s, o pomposo nome das boas e velhas auto-escolas) seguem ensinando não a dirigir, mas a passar no exame de habilitação. Algo como faziam os cursinhos pré-vestibulares – muitas vezes o aluno saía com um bocado de fórmulas decoradas e macetes para fazer bonito na hora da prova, mas aprender que é bom...

A questão é que nem sempre o instrutor tem paciência, tempo ou didática suficientes para transmitir o que realmente importa, e a legislação se concentra na questão da direção defensiva, o que, em si, não é ruim, considerando que a segurança ao volante é prioridade. Muitas vezes falta, no entanto, tirar do motorista vícios comuns, práticas que podem pesar no bolso e no perfeito funcionamento dos componentes de motor e suspensão.

Quer exemplos? Um deles é a mania de manter o pé esquerdo na embreagem (lógico que estamos falando dos câmbios manuais) mesmo quando não estamos trocando as marchas. Desgasta um componente fundamental e, ainda por cima, deixa o carro solto – ao acionar o pedal você desengata o sistema, sem transmissão de força às rodas. Outra menos comum mas igualmente desaconselhada é frear de forma brusca, mesmo com espaço e tempo suficientes para reduzir a velocidade de modo progressivo. Pastilhas, discos, tambores e os pneus, submetidos a um atrito desnecessário, vão cobrar a conta mais tarde. E se você é daqueles que ainda acham que manter o veículo em ponto morto nas descidas é o melhor a fazer, vai o alerta: a não ser que a injeção de seu carro ainda seja feita pelo velho carburador, ele não está economizando combustível, e sim gastando mais.

Tem ainda quem ache que a posição correta de dirigir é o mais próximo possível do volante, pernas e braços dobrados ao máximo, queixo colado na direção, tórax arqueado e postura tensa. Típico comportamento de quem não se sente seguro o suficiente – e vai ficar menos ainda no caso de uma situação imprevista.

Não é por acaso que mesmo os veículos mais simples contam com ajuste de posição dos bancos e altura da direção. Até para o perfeito funcionamento do airbag numa colisão é necessário adotar postura mais relaxada – e aí o contrário (recuar o máximo possível e manter braços e pernas totalmente esticadas) também é vício condenável. Assim como acionar o pisca-alerta em casos de baixa visibilidade (tem gente que faz isso na chuva, ou dentro de túneis). Como diria o árbitro de futebol, a regra é clara: o botão com o triângulo, símbolo que não foi escolhido por acaso, só deve ser usado para sinalizar emergências.

A lista valeria várias colunas e a cura para o mal está distante, já que a preocupação se restringe à primeira habilitação. Se você acredita que pode ter lá seus vícios, não deixe de dar uma olhada no https://www.youtube.com/watch?v=Xiec18eKSSw, em que eu mostro outros comuns e o que fazer para escapar deles.

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