Substância encontrada em corpo de fisiculturista causa alucinação, afirma CRF-MG

Da Redação
portal@hojeemdia.com.br
03/10/2017 às 15:23.
Atualizado em 02/11/2021 às 23:02
Fisiculturista Allan Guimarães Pontelo morreu dentro de boate em setembro de 2017 (Reprodução/Facebook)

Fisiculturista Allan Guimarães Pontelo morreu dentro de boate em setembro de 2017 (Reprodução/Facebook)

Após dúvidas geradas em torno do anestésico cetamina, encontrado nas víscera e no sangue do fisiculturista Allan Guimarães Pontelo, de 25 anos, a Polícia Civil divulgou nota informando que "a substância detectada no laudo, a cetamina, é usada como anestésico para procedimentos cirúrgicos, sedação e analgesia, sendo de uso estritamente médico", respondeu.

Nessa segunda (2), a empresa responsável pela segurança da boate Hangar, no dia em que o fisiculturista morreu, questionou o resultado. "Ao contrário do que foi amplamente divulgado, o laudo da Polícia Civil detectou, sim, a presença de uma substância que pode ajudar a esclarecer os fatos e chegar à verdade do ocorrido: a ketamina".

A coordenadora da Comissão Assessora de Farmácia Clínica do Conselho Regional de Farmácia de Minas Gerais, Mariana Gonzaga, esclareceu que a susbtância não é ilícita, mas está na lista dos medicamentos potencialmente perigosos da ONG ISMP Brasil, referência nacional ao uso seguro de medicamentos. "Não é ilícita, é um anestésico, uma susbtância de controle especial, de uso exclusivo hospitalar, mais utilizado nas anestesias de animais e menos nas anestesias de humanos, por causa do efeitos adversos", explicou. 

Mariana Gonzaga ainda explicou que a substância causa sensações como flutuação do corpo, confusão mental, fala desconexa, pesadelos e alucinações. Ainda segunda ela, a substância é usada, por algumas pessoas, como droga, para recreação. Em outros casos, até na bebida para sedar a outra pessoa, como o "boa noite cinderela". "O risco para quem utiliza é alto, risco de efeitos cardiovasculares graves, infarto, AVC hemorráfico, pode aumentar pressão arterial, o batimento cardíaco, o fluxo de sangue cerebral e pressão intracraniana", esclareceu.

Questionamentos da empresa de segurança

A CY Security, responsável pela segurança da boate no dia, disse em nota que "ao contrário do que foi amplamente divulgado, o laudo da Polícia Civil detectou, sim, a presença de uma substância que pode ajudar a esclarecer os fatos e chegar à verdade do ocorrido: a ketamina".

Esta substância também conhecida como “Special K”, “Kit Kat”, “Cat Valiums”, ou “Vitamina K”. "Ela não é uma droga qualquer, é potencialmente destrutiva. Para se ter uma ideia dos riscos que oferece, os médicos orientam a pessoa que fizer uso da Ketamina, a ficar sob a vigilância de outra pessoa por pelo menos 24 horas, tal a quantidade de efeitos colaterais nocivos que pode causar a quem dela fizer uso", diz a nota da empresa de segurança.

Para a CY Security, falta ainda mensurar a quantidade ingerida, já que o laboratório responsável pela análise não tinha meios para isso. Eles acreditam que o resultado pode elucidar o caso. 

A empresa disse ainda que nunca foi sua intenção criminalizar o rapaz. "Nós, mais do que ninguém, queremos a verdade, apenas isso. E na busca dessa verdade, não podemos ignorar nenhum fato que possa ajudar a elucidar o que aconteceu naquela noite. Nesse caso, cabe as autoridades competentes, no uso de todos os recursos tecnológicos existentes, concluir os laudos periciais e oferecer à justiça, de forma clara e transparente, os resultados obtidos. É o que, sinceramente, esperamos que aconteça", finaliza a nota.

Relembre

Allan morreu durante uma festa na boate Hangar 677, no bairro Olhos D'água, na região do Barreiro, no dia 2 de setembro. A versão preliminar da Polícia Militar dá conta de que o jovem teria sido flagrado por seguranças usando drogas dentro do banheiro do estabelecimento. Ele então tentado fugir do local, saltando as grades de contenção, quando caiu no chão, já desacordado. 

Ao chegar no local, os policiais já encontraram o jovem sendo atendido pela assistência médica da própria casa de shows. Ele foi entubado e recebeu massagens cardíacas para ser reanimado, mas não resistiu. 

Amigos do jovem que também estavam no estabelecimento alegam que Alan foi levado por seguranças que tentaram forçar a saída dele da boate. Ele teria sido agredido por seguranças, o que teria motivado o óbito.

Em laudo divulgado pela PC, o exame toxicológico da vítima deu negativo para o uso de substâncias ilícitas, asssim como o exame de constatação de álcool. 

As investigações estão em andamento, com o delegado Magno Machado.

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