Sudene de cara nova: Superintendente da Sudene quer acabar com cemitérios de indústrias no Norte de Minas

Jornal O Norte
11/04/2008 às 10:40.
Atualizado em 15/11/2021 às 07:30

Valéria Esteves


Repórter

Uma Sudene diferente; sem corrupção, é assim que quer o superintendente Paulo Sérgio Fontana empossado para recriar a Sudene, instituição que mais promoveu o desenvolvimento industrial e sustentável de Montes Claros e conseqüentemente da região norte-mineira.

Conforme o superintendente, a visita a Montes Claros serviu para divulgar o trabalho da nova equipe que vai trabalhar pela Sudene. Já de pronto ele disse que estão previstos recursos da ordem de R$ 1,3 milhões para os projetos prontos a serem entregues a Sudene, mas há ainda um recurso acumulado desde 2001, quando foi extinta a autarquia, de cerca de R$ 5,6 milhões guardados até o ano passado. O recurso não foi aplicado, conforme Paulo Fontana, por que estava travado pelo próprio regulamento da Sudene.




Paulo Sérgio Fontana
anunciou novos investimentos


na região (foto: WILSON MEDEIROS)

- Queremos trabalhar seriamente, e para quem agir ilicitamente teremos que acionar as autoridades policiais para averiguar a situação. Já demos início ao processo de destravamento do FDNE- Fundo de Desenvolvimento do Nordeste, o que implica que vamos liberar neste mês ainda, o primeiro fundo no valor de R$ 26,4 milhões para a empresa Porcellanati Revestimentos, do Grupo Itagres, diz.

A Porcellanati vai instalar em Mossoró, RN, uma unidade destinada à produção de revestimentos cerâmicos.

Na próxima quinta-feira o Banco do Nordeste vai providenciar a elaboração de análise onde constará a viabilidade econômica de alguns projetos. Uma das queixas do superintende é quanto aos projetos, que precisam ser melhorados em sua concepção e elaboração.  

Outro entrave para o FDNE foi a circularização de notas fiscais. A garantia da nova Sudene é que isso já não será mais problema, uma vez que a legislação do Fundo foi alterada, tornando-o mais atrativo.

Paulo revelou que em conversa com o ministro Geddel Vieira Lima, ministro da Integração Nacional e com a ministra da Casa Civil, Dilma Russef foi constatado que Minas Gerais não tinha nenhum projeto aprovado na lista dos mais de 200 projetos a serem beneficiados pela Sudene.

A reportagem de O NORTE perguntou ao superintendente quais seriam os incentivos destinados aos pólos produtivos dos perímetros irrigados e a resposta foi satisfatória: -Já está prevista a liberação de R$ 107 milhões para o Projeto Jaíba, no primeiro pleito, tendo como base o seu desenvolvimento e a chegada de diversas empresas dispostas a investir no lugar. Precisamos liberar os recursos, mas volto a dizer que precisamos de projetos melhores.

JAÍBA DENTRO DOS PLANOS DE DESENVOLVIMENTO

E por falar no Jaíba, alguns empresários também presentes ao evento no auditório da Sociedade Rural de Montes Claros falaram a O NORTE sobre a experiência digna de méritos nacionais e internacionais. É bem verdade que a destilaria compacta de auto-suficiência do grupo Iba-Bioenergia, residente no Projeto Jaíba, tem chamado atenção por trabalhar com a praticidade, abusando de alta tecnologia nacional (própria do grupo) e ainda da preservação do meio ambiente, e pelo não menos interessante, investimento sustentável. A proposta é plantar cana-de-açúcar próximo da destilaria para reduzir o uso de combustível fóssil, um dos principais agentes poluidores da camada de ozônio.

Conforme um dos sócios da Iba-Biocombustíveis, Rodrigo Salim Nogueira a destilaria compacta ainda está em fase de experimento, apesar de os resultados apresentados até o momento terem sido notáveis. Vale lembrar que o bagaço da cana-de-açúcar é um dos componentes que viram combustível limpo, sem contar que tudo nesse processo é reaproveitável, seja na feitura de ração animal entre outros.

O outro sócio da Iba, Adhemar Kajita fez questão de explicar que esse projeto também será implantado em Moçambique, África do Sul onde há um terreno a ser explorado como o Jaíba.

Para Rodrigo, o Jaíba é a capital oculta do mundo por onde vão sair novas tecnologias de ponta e solucionar a fome da África do Sul, como se pretende o projeto da Iba. Foram investidos na destilaria até agora uma média de R$ 25 milhões, sendo que a intenção num prazo de três a quatro anos é aplicar cerca de R$ 200 milhões. Representantes das empresas africanas tanto da Nigéria como de Moçambique parceiras do grupo Iba já visitam o empreendimento no Projeto Jaíba e tem, acompanhado de perto a evolução da destilaria.

Os sócios ainda falaram que se reuniram com representantes da Sudene no Recife a fim de promover uma aproximação com a autarquia e assim apresentar o projeto promissor que é a destilaria compacta de auto-suficiência para o setor sucroalcooleiro vigorado no Jaiba.

Há de se lembrar que há dez anos muitas empresas foram atraídas para Montes Claros pelos incentivos fiscais da Sudene, só que ao término da concessão dos mesmos, muitas empresas foram embora deixando um vácuo no Distrito industrial. Vale pontuar conforme o presidente da Associação comercial, industrial e de serviços de Montes Claros, Geraldo Drumond que muitas empresas como a Novo Nordisk, maior produtora mundial de insulina bem como a Lafarge, quinta maior produtora de cimento do Estado e do Brasil, e a Nestlé, assumindo a posição de uma maiores fábricas de leite condensado do mundo.

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