(Wesley Rodrigues)
Na mesma semana em que o ministro da Saúde, Arthur Chioro, confirmou que o país enfrenta uma nova epidemia de dengue – mais de 745 mil casos foram registrados só nos primeiros quatro meses do ano – o Aedes Aegypti, vetor da doença, traz novas preocupações ao governo brasileiro. Esse é o mesmo mosquito transmissor do zika vírus que, possivelmente, está circulando pela primeira vez no Brasil.
O Ministério da Saúde já encaminhou uma nota técnica a todas as secretarias estaduais, que estão atentas aos paciente que apresentarem sintomas semelhantes aos da dengue, como febre, dor no corpo, vermelhidão e erupções na pele, mas cujo resultado do exame der negativo para a doença. Para esses casos, a orientação é que seja realizado um diagnóstico diferencial para o vírus zika.
O alerta tem motivo. Suspeita-se que o vírus já tenha se alastrado para seis estados, todos no Nordeste: Maranhão, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Sergipe, Paraíba e Bahia. Esse último, aliás, é onde existem mais possíveis ocorrências da doença. Só em Camaçari, município que fica a 40 quilômetros de Salvador, foram 2,3 mil notificações. Todos os pacientes apresentavam exantema, uma mancha vermelha na pele.
Em nota, o Ministério da Saúde informou que participa da investigação dos casos. Embora os resultados preliminares já indiquem tratar-se do zika vírus, a confirmação ainda depende de laudos que serão dados pelo Instituto Evandro Chagas e pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), laboratórios de referência.
Tão logo os resultados sejam divulgados, o órgão estipulará ações de vigilância, prevenção e controle complementares no país.
Minas Gerais
Vizinha do estado que mais acumula possíveis registros da enfermidade, Minas Gerais ainda não tem nenhum caso suspeito do vírus zika, informou a Secretaria Estadual de Saúde. Ainda assim, o infectologista Luiz Wellington Pinto, professor da Faculdade Ciências Médicas, sugere atenção aos viajantes, principalmente aqueles que tiverem visitado algum lugar onde já ocorreram notificações.
“Se a pessoa contrair a doença durante um passeio ao Nordeste, por exemplo, e um hospedeiro picá-la já em casa, o mosquito começará a transmitir a doença para outras pessoas”, explicou. Aliás, há indícios de que a doença, de origem africana, tenha chegado ao Brasil durante a Copa do Mundo.
Outros vetores
Embora o Aedes aegypti seja o grande “vilão”, o especialista afirma que não é o único vetor desse problema. Todos os mosquitos da família Flavivirus também podem transmitir a enfermidade, o que pode facilitar a rápida circulação da doença entre a população. “Mas não há motivos para pânico. O vírus zika ainda não chegou a ser um problema de saúde pública”, diz Luiz Wellington.
Além disso, embora a enfermidade provoque um quadro semelhante ao da dengue e chikungunya, os sintomas são mais leves. A doença também não apresenta a forma hemorrágica.
Prevenção e tratamento também não mudam de um problema para o outro. “Precisamos de encontrar formas para impedir a proliferação do mosquito. E quem está doente só tomará remédios para controlar o mal estar”.