Taxistas acampam em frente à Prefeitura de Belo Horizonte

Da Redação*
portal@hojeemdia.com.br
30/08/2016 às 17:28.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:37
 (Valéria Marques/Hoje em Dia)

(Valéria Marques/Hoje em Dia)

Dezenas de taxistas de Belo Horizonte protestaram, nesta terça-feira (30), na porta da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte (PBH), contra a não fiscalização do aplicativo Uber. Com cartazes levantados e sinalizando para que outros taxistas abraçassem o movimento, os motoristas insistiram até o fim da tarde em serem recebidos pelo prefeito. Eles ocuparam duas faixas da avenida Afonso Pena e ameaçaram fechar completamente a via caso não fossem recebidos pela Prefeitura.

Um assessor da Secretaria de Governo da PBH recebeu os representantes dos táxistas e prometeu que uma reunião será marcada com todos os órgãos envolvidos na situação. Os taxistas informaram que a conversa não foi proveitosa e afirmaram que ficarão acampados na porta do prédio da Prefeitura até que o encontro prometido pelo executivo municipal seja marcada.

A principal reivindicação dos taxistas é quanto a não fiscalização dos motoristas do aplicativo. Para o taxista Wesley de Jesus, o problema não está na circulação do Uber, mas na falta de controle. "Qualquer um pode ser Uber, aí fica umas pessoas sem preparo nenhum e que andam até armadas circulando pela cidade. Estamos vivendo um jogo de empurra. A gente reclama da violência deles com a PM, eles mandam a gente procurar o município, aí fala com a Guarda, eles mandam procurar a PM. É uma confusão", afirma. 

Os motoristas também alegam estar sofrendo constantes ameaças de motoristas do Uber e reclamam falta de apoio.Valéria Marques/Hoje em DiaGlayson Orlando de Oliveira disse ter recebido ameaças à sua família de motorista da Uber

Taxista há 19 anos, Glayson Orlando de Oliveira, 37, afirmou ter recebido ameaças diretas de um motorista do Uber. Segundo ele, um homem teria conseguido seu contato e o intimado a encontrá-lo na praça do Papa para que "acertassem as contas" da situação de disputa dos motoristas. Em seguida, o homem, que não se identificou, teria ligado para Glayson e feito ameaças diretas a sua família. Segundo o taxista, o suposto motorista da Uber tinha informações precisas sobre a sua vida, tendo citado seu endereço, o nome de sua esposa e, até mesmo, o nome e a escola de seu filho.

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Paulo César Oliveira é motorista há 22 anos e reclama total falta de amparo na execução de seu trabalho. "Vivemos arrepiando de medo e de raiva. Eles ficam nos provocando o tempo todo. Queremos apenas que a lei seja cumprida. Eles precisam ser fiscalizados e nós não podemos viver esse terror que estamos vivemos", desabafa.

A taxista Lucimeire Rosa afirmou que por ser mulher a situação é ainda mais difícil. "Eles ficam rondando a gente e falando coisas absurdas. Ficam ameaçando. Nós estamos perdendo espaço pra pessoas totalmente despreparadas e que não são fiscalizados como nós somos", afirmou.

Sancionada em janeiro deste ano pelo prefeito Marcio Lacerda, a Lei Municipal 10.900/2016 restringia o funcionamento do Uber nos moldes atuais.  Segundo o texto, aplicativos voltados para o transporte remunerado de passageiros só poderíam operar na capital mineira se usassem mão de obra de motoristas autorizados pelo governo municipal. Significa que o Uber só poderia funcionar se seus condutores fossem taxistas credenciados. É o que já fazem outros aplicativos, como o 99Táxis e o Easy Táxi.

Entretanto, após recurso do aplicativo, a Justiça suspendeu a liminar, considerando que a prefeitura não pode legislar sobre transportes, sendo esta uma tarefa restrita a União.

*Colaborou Mariana Nogueira

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