Tem que mudar tanto?

23/11/2018 às 22:04.
Atualizado em 28/10/2021 às 02:16

Confesso que é muito legal acompanhar os lançamentos de veículos, descobrir novidades, tentar entender o que realmente muda em um modelo de um ano para o outro (e o que é mera conversa das montadoras, que adoram badalar recursos que seus exemplares já possuem). Mas tem um outro lado da história: as vezes as fábricas exageram. Um bom exemplo veio agora, da China, com o lançamento da 12ª geração do Toyota Corolla, ainda que a 11ª, oferecida por aqui e em boa parte do mundo, esteja atual e venda feito água. Até 2020 ele aparecerá nas ruas e estradas verde e amarelas, fazendo muito provavelmente com que tem tenha o mais recente troque pelo novo.

Aí a gente pega a lista dos mais emplacados (zero quilômetro) em outubro, como em todo o ano, e nos primeiros lugares estão firmes Chevrolet Onix, Hyundai HB20 e VW Gol, entre outros (o Ford Ka, constantemente segundo ou terceiro, não conta, já que ganhou nova geração há menos tempo).

O hatch compacto da casa americana chegou ao mercado em 2012 e, embora tenha passado por restilização caprichada, é, no fundo, o mesmo carro desde então. No mesmo ano (com direito a apresentação no mesmo Salão do Automóvel) veio o sul-coreano que, a bem da verdade, também mudou muito pouco, e nem por isso perdeu prestígio entre os consumidores. E ainda há o Toyota Etios, outro que soprou as seis velinhas de vida.

Ao menos Onix e HB20 vão ganhar em breve uma repaginada total, e é bem provável que pelo menos o modelo da GM ainda ganhe sobrevida nas formas atuais, como uma versão de entrada (como já é o caso com o Joy). O que daria um ciclo de vida de oito anos para ambos tais como são. Como oito foram os anos em que a Land Rover manteve quase intocado seu SUV de entrada Evoque, apenas agora renovado. O Gol é um capítulo à parte, um exemplo de longevidade digno dos anos românticos do Fusca, já que as gerações se sucedem, mas a base se mantém (e quem não gostar que opte pelo Polo).

Eu sei que existe a história da concorrência; que o consumidor fica ávido por novidades, mas fico me questionando: não estamos passando da conta em alguns casos? Carro hoje está quase como celular ou computador: você compra e já está desatualizado, já há uma versão mais nova, que seja com uma mudança imperceptível na grade dianteira, ou um novo tecido no interior.

Talvez seja bom para quem pode se permitir um carro zerinho com frequência (embora muitas vezes a novidade traga um preço mais alto a pagar), mas é menos bom para quem tem seu seminovo, que acaba se desvalorizando com velocidade bem maior. Quanto à tal história do desenho “envelhecer” ou ficar “batido”, é muito relativa, já que os números em vários casos não confirmam isso. Fora os casos em que a necessidade (mais de marketing do que qualquer outra coisa) de mudar acaba piorando o que estava funcionando bem. Eu gostaria de entender...

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