'Temos os melhores técnicos do mundo', avalia a mineira Sheilla, da Seleção Feminina de Vôlei

Felippe Drummond Neto
fneto@hojeemdia.com.br
17/06/2016 às 22:18.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:57
 (cbv/divulgação)

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Jogadora de vôlei, belo-horizontina e torcedora do Atlético. Três aspectos que resumem bem quem é Sheilla Castro, oposta da Seleção Brasileira. Revelada pelo Mackenzie e, hoje, considerada uma das melhores do mundo na posição, ela está pronta para lutar pela esperada medalha de ouro na Olimpíada do Rio. Em um dos intervalos durante a segunda etapa do Grand Prix, na China, iniciada na última sexta-feira (17), Sheilla tirou um tempinho para conversar com o Hoje em Dia sobre os Jogos e, entre outros assuntos, o desejo de um dia voltar a jogar no Brasi e, quem sabe, em Belo Horizonte.

Apesar da alta rodagem de atletas na seleção, você quase nunca sofreu risco de ficar de fora das convocações. A que se deve tamanha estabilidade?
Acho que isso acontece porque sempre me apresentei bem na seleção e nos clubes por onde passei. Além disso, com o passar dos anos, fui ganhando a confiança do Zé (José Roberto Guimarães, técnico) e me tornei imprescindível dentro e fora de quadra. Sou uma jogadora que ajudo todo mundo, isso também faz diferença.

No primeiro ouro olímpico, você era uma das atletas mais novas. Agora, é uma das mais experientes. Como avalia esse trabalho a longo prazo?
Participo há mais de dez anos da seleção. Comecei em 2002, e faço parte do grupo desde que o Zé assumiu, em 2005. É um trabalho longo, e tive a oportunidade de viver praticamente todas as fases da minha carreira na seleção. Apesar de ter sido uma das mais novas, o time de 2008 era praticamente todo da mesma idade. Apenas a Fofão e a Walewska eram mais experientes na época. Desde muito nova, eu assumi uma responsabilidade muito grande como oposta da seleção, e continuo sempre com a mesma vontade de vencer que tinha lá no início dessa história.

Você já trabalhou com o Zé Roberto e com o Bernardinho. Quais são as principais qualidades e diferenças entre eles?
Sou muito feliz e grata por ter tido a oportunidade de trabalhar com os dois. Afinal, temos, com certeza, os dois melhores técnicos do mundo. Com o Bernardo, eu trabalhei apenas dois anos, mas passei a admirá-lo ainda mais como técnico e, principalmente, como pessoa. E com o Zé, já são 11 anos juntos, e posso dizer que me tornei uma amiga dele. Ele sabe que pode confiar em mim para tudo, e não precisamos ficar medindo palavras para nos comunicar. A maior qualidade dos dois é saber montar os grupos e extrair o melhor de cada jogadora.

A minha expectativa pessoal é subir no lugar mais alto do pódio, mas para isso é preciso pensar jogo a jogo, treino a treino. Quero muito ser tricampeã olímpica, e o que eu garanto é que vou lutar e me dedicar ao máximo"

Como está o clima do grupo para disputar a Olimpíada no Brasil? E a sua expectativa pessoal?
O grupo está muito animado, e todas as jogadoras estão muito focadas, fazendo toda a preparação física e técnica para chegar muito bem aos Jogos. Estamos no caminho certo. Lógico que tudo isso não garante a medalha de ouro, mas todo mundo está disposto a lutar para que isso se torne realidade. A minha expectativa pessoal é subir no lugar mais alto do pódio, mas para isso é preciso pensar jogo a jogo, treino a treino. Quero muito ser tricampeã olímpica, e o que eu garanto é que vou lutar e me dedicar ao máximo.

Normalmente, vocês já entram nas competições com a pressão de conquistar o título. Por jogar em casa, essa pressão é maior? Como vocês lidam com isso?
Não vejo como pressão. Prefiro pensar que vamos ter a vantagem de ter a torcida a nosso favor, e não uma pressão. Isso conta muito. No esporte coletivo, como um todo, o fator casa é quase sempre uma vantagem. Então, muito mais do que a pressão, o que temos é a torcida trazendo uma boa energia para a gente e pressionando os nossos adversários.

Apesar de serem multicampeãs, vocês poderão pela primeira vez superar os homens em títulos olímpicos. Existe uma competição saudável entre vocês sobre isso?
Não existe nenhuma competição entre a gente. Pelo contrário, um torce pelo sucesso do outro.Bruno Cantini/Divulgação/Atlético

Como está seu vínculo no VakifBank (Turquia)? Pretende voltar a jogar no Brasil? Isso já será possível nesta temporada?
Atualmente, estou sem contrato com nenhum clube. Meu vínculo com o VakifBank foi de dois anos e se encerrou em maio. É lógico que a minha vontade sempre é de voltar para o Brasil. É onde minha família está, onde meus fãs estão. Sobre a próxima temporada, ainda não pensei em nada disso. Só vou decidir minha vida depois da Olimpíada. Agora, meu foco total é em ajudar o Brasil na briga pela medalha de ouro.

Por ser belo-horizontina, você tem vontade de voltar a jogar na cidade? Já conversou com o Minas, por exemplo, sobre a possibilidade de futuramente até encerrar a carreira no time?
Não, nunca tive qualquer conversa com o Minas sobre essa possibilidade. Mas é claro que tenho vontade de voltar a jogar em Belo Horizonte. Além de ficar perto da minha família, é o lugar onde sempre quero estar, e para onde vou sempre que estou de folga.

Qual é a sua relação atual com o Mackenzie? Como vê o fato de o clube, que revelou você e tantas outras grandes jogadoras, não ter uma equipe adulta atualmente?
Não posso dizer que tenho uma relação grande com o Mackenzie hoje em dia. Tenho contato com a Leonézia, que era a diretora do clube na época, além de participar de um grupo das ex-jogadoras do Mackenzie no Facebook. Infelizmente, todas as vezes que elas marcaram de se reencontrar, eu não estava em Belo Horizonte. Sou muito grata a tudo que aprendi no Mackenzie, com os técnicos James e Delicélio. Só que, quando eu jogava lá, assim como atualmente, não tinha time adulto. Por isso, sempre vi o Mackenzie como um clube de formação de atletas. Mas espero que o clube volte a ter uma equipe adulta, pois quanto mais equipes existirem, melhor para o vôlei.

É lógico que a minha vontade sempre é de voltar para o Brasil. É onde minha família está, onde meus fãs estão. Sobre a próxima temporada, ainda não pensei em nada disso. Só vou decidir minha vida depois da Olimpíada. Agora, meu foco total é em ajudar o Brasil na briga pela medalha de ouro"

Quando você está de férias, sempre costuma passar por Belo Horizonte. O que mais gosta de fazer na cidade? Onde gosta de ir?
Sempre que vou para Belo Horizonte, é com tempo contado. Por isso, eu prefiro ficar quieta em casa, com a minha família. Procuro reunir todo mundo na casa da minha avó. Quando saio, é para ir a algum restaurante com os meus amigos.

Recentemente, você revelou que, após a infância, no Mineirão, só voltou a um jogo do Atlético em 2014, no Independência, em um jogo pela Copa Libertadores. Qual foi a sensação?
É muito gostoso ir ver o Galo jogar. Sempre que estou em Belo Horizonte e tem jogo, eu tento ir. Já fiquei no camarote, mas eu gosto mesmo é de ir no meio da torcida. É muito mais emocionante. É como falei sobre a pressão de jogar em casa na Olimpíada: a energia da torcida, quando está a seu favor, é muito gostosa. E, quando eu faço parte dessa torcida pelo Galo, só de estar no estádio, já fico toda arrepiada.

Como você fazia para acompanhar o Atlético lá da Turquia?
Hoje, é muito fácil acompanhar de qualquer lugar. Com a internet, ficou tudo muito fácil. Além disso, os meus grupos de família no Whatsapp também não me deixam ficar desinformada. Todo mundo é fanático com o Galo e comentam tudo que acontece (risos).

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