Capital mineira tem quatro casos confirmados até o momento
Belo Horizonte acumula quatro casos confirmados de infecção pelo superfungo Candida auris. Outras 24 pessoas são observadas no Hospital de Pronto Socorro (HPS) João XXIII, onde aguardam resultado dos exames. O cenário é preocupante e coloca o alerta na população, conforme explicou o diretor da Sociedade Mineira de Infectologia, Estevão Urbano.
Segundo ele, o fungo se espalha principalmente em hospitais e traz grandes problemas. "O Candida auris é difícil de ser identificado pelos exames de laboratórios disponíveis na capital. Além disso, a levedura é resistente à maioria dos fungicidas existentes. É um fungo resistente a vários tratamentos que poderiam ser muito efetivos contra outros fungos, com isso sua mortalidade se torna maior. Então é bastante preocupante, temos que fazer esforços para identificar os focos precoces desses fungos para evitar com que eles se espalhem e atinjam proporções que sejam perigosas para a população”, afirmou o infectologista.
Segundo informações da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) e Fundação Hospitalar de Minas (Fhemig), 39 pacientes foram testados até o momento, sendo 4 confirmados, 2 negativados que permanecem internados, 9 negativados que já receberam alta e 24 que aguardam o resultado dos exames.
Estevão relata que a transmissão do fungo é feita de pessoa a pessoa, principalmente através das mãos. “Geralmente acomete pessoas mais debilitadas, portanto mais suscetíveis a doenças graves, imunodeprimidos, crianças muito jovens, idosos, aqueles em quimioterapia intensiva”.
O infectologista alerta para que a população e as autoridades fiquem atentas com a higiene ambiental, onde indivíduos portadores estejam. Além disso, lavar bem as mãos é muito importante, já que são os principais meios de transmissão do fungo.
Ainda de acordo com o infectologista, o tratamento é complicado, uma vez que o superfungo produz o que os cientistas chamam de biofilme, camada protetora que a torna resistente ao fluconazol, à anfotericina B e ao equinocandina, três dos principais compostos antifúngicos. Assim, os infectados devem tomar um coquetel antifúngico, com diversos medicamentos para eliminar a levedura do organismo.
A Secretaria de Estado de Saúde informou que "o Hospital João XXIII tomou todas as medidas de controle e manejo necessárias para proteção dos demais pacientes e profissionais da unidade, como higienização das mãos, medidas de precaução de contato (uso de luvas e avental) dos casos suspeitos e testes para detecção de novos casos".
*Estagiário, sob supervisão de Gledson Leão
Leia mais: