Tempo de colheita no Norte de Minas

Jornal O Norte
12/04/2007 às 12:06.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:02

O Norte de Minas plantou uma média de 194 mil hectares de grãos nessa safra 2006/07, e o que deve ser colhido ainda não está definido. A expectativa é que sejam produzidas cerca de 350 mil toneladas de grãos, o que equivale a 60% a mais da quantidade obtida no último ano

Valéria Esteves


Repórter


valeria@onorte.net

Emater diz que o Norte de Minas está em franco período de colheita da safra 2006/07. Apesar de o relatório final da safra sair só em maio, o técnico em agropecuária, José Arcanjo Marques relata que, baseando-se nas primeiras colheitas pode-se ter uma perda de 10% a 40% com variações de cultura a cultura. Essa perspectiva vai impactar diretamente na economia devido a redução do volume de produção, o que implica na redução da receita do produtor.




Produção da safra 2006/07 deve cair de 10% a 40%,


dependendo da variação de culturas


Desde o mês de fevereiro os produtores colhem a mandioca (para feitura de farinha), a cana-de-açúcar (para a feitura da rapadura e da água ardente), feijão, milho, sorgo e arroz e ainda examinam os pastos para saber como anda a fenação do capim. No caso do capim, conforme explica Arcanjo, é hora de saber se o capim brotou e sementeou como se esperava; tendo em vista que a planta passa pelo processo de murchar até que caia sua semente no solo novamente para germinar. O fato é que o alerta da hora é estocar alimento porque a região vai enfrentar de 6,5 a 7 meses de estiagem, já que a região já entrou no período de seca nesse mês. Nesse caso, até o mês de novembro a seca fará morada na região.

As chuvas, na visão da Emater, devem cessar ainda nos próximos dias na região, mas nem mesmo isso fez com que boa parte dos pastos tivesse uma boa produtividade como se esperava. Na região, choveu cerca de 1.200 milímetros, quantidade que ultrapassou a média histórica registrada, que era de 993 mm.

Ainda que as chuvas durem mais alguns dias, a Emater acredita que servirá apenas para encher os reservatórios de água e condicionar as pastagens, além de amenizar o clima; mesmo porque não refletirão na pecuária nem na agricultura regional.

- É tempo de manejar a reserva de pastagens para enfrentar a seca nos próximos meses. Fazer a silagem, o feno, as capineiras, tudo o que o produtor poder estocar de alimento para os animais será de grande relevância - diz.

LAVOURA IRRIGADA

A partir de agora, quando os produtores começam a conduzir a agricultura irrigada, é que começa o plantio dos hortifrutigranjeiros, como a abóbora, pimentão, quiabo, o próprio feijão, entre outros. Há ainda a demanda do plantio das hortaliças.

As quedas na colheita da safra 2006/07 vão impactar seriamente a economia norte-mineira, conforme Arcanjo, mas nada pode ser dito com precisão antes que toda as lavouras sejam colhidas e o relatório apresente os dados verdadeiros.

O técnico em agropecuária informa também que o capim não desenvolveu, apesar de ter chovido muito, por questões climáticas como o esgotamento dos solo. O Norte de Minas plantou uma média de 194 mil hectares de grãos nessa safra 2006/07.

No início do plantio dessa safra, o coordenador técnico da Emater, Reinaldo Nunes de Oliveira, havia dito que a expectativa é que fossem produzidas cerca de 350 mil toneladas de grãos só no Norte de Minas. O que equivale a 60% a mais da quantidade obtida no último ano, quando a lavoura foi prejudicada pelo veranico.

E por falar em veranico, Arcanjo conta que o período de estiagem desse ano pretende ser tão castigador quanto do último ano, quando houve muitas perdas na lavoura e na pecuária.

COLHEITA DE GRÃOS NO BRASIL

O Brasil deverá colher entre 117,7 e 120,6 milhões de toneladas de grãos na safra 2006/2007, conforme aponta o primeiro levantamento de intenção de plantio realizado pela Conab - Companhia nacional de abastecimento e anunciado pelo ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Se confirmado o volume superior, o resultado será 0,6% maior que a safra passada - 119,9 milhões de toneladas. Caso o número seja o inferior, a colheita será 1,8% menor.

No crescimento da produção se destacam a soja (53,5 a 55,0 milhões de toneladas), o milho (41,9 a 42,9 milhões de toneladas), algodão em caroço (1,9 a 2,0 milhões de toneladas) e algodão em pluma (1,2 a 1,3 milhão de toneladas). Por outro lado, haverá queda na colheita de arroz, que será de 11,29 a 11,56 milhões de toneladas, contra as 11,58 milhões de toneladas da safra anterior.

Quanto à área plantada das culturas agrícolas, o estudo da Conab indica uma retração entre 5,3% e 3,3%, saindo de 47,3 milhões de hectares na safra 2005/2006 para um intervalo entre 44,7 e 45,7 milhões de hectares. Essa diminuição reflete-se, principalmente, na soja (1,7 a 1,1 milhão de hectares), milho 1ª safra (325,2 a 107,3 mil hectares) e trigo (611,9 mil hectares), que se encontra em fase de colheita. Mas as áreas destinadas ao algodão e ao arroz apresentaram crescimento. A área plantada de algodão deve crescer entre 107,1 a 157,9 mil hectares e de arroz, entre 12,7 a 71,7 mil hectares em relação ao que foi cultivado na safra anterior.

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