(Marcelo Camargo/Agência Brasil)
As manifestações dos caminhoneiros contra o aumento do preço do diesel já causam reflexos em todo o Estado. No fim da tarde desta quarta-feira (14), foram contabilizados 39 pontos de paralisação, apenas nas rodovias federais que cortam Minas Gerais.
No terceiro dia de paralisação, o movimento dos caminhoneiros começa a afetar o abastecimento de alguns postos de combustíveis na capital e interior. Os ônibus de Belo Horizonte também já enfrentam o processo de desabastecimento, situação que levou a BHTrans a autorizar a redução no número de viagens das linhas de ônibus do transporte coletivo municipal de Belo Horizonte.
Segundo a BHTrans, "a empresa está autorizando, a partir desta quinta-feira (24), uma redução do número de viagens, fora do horário de pico, dos ônibus que fazem o transporte coletivo da capital, garantindo, dessa maneira, os estoques nas empresas e a operação normal no horário de pico".
Equipes da autarquia vão intensificar a fiscalização para garantir o cumprimento do quadro de horários estabelecido. Serão disponibilizados ônibus extras nas estações para eventualidades. A BHTrans já notificou a CBTU, responsável pelo metrô, sobre a redução do número de viagens.
Com a medida, os horários entre 0 e 9h terão número de viagens normal; entre 9 e 16h, operação com 50% no número de viagens; entre 16 e 20h, número de viagens normal; e entre 20h e 23h59, operação com 50% do número de viagens.
O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (SetraBH) destaca que está empenhado em buscar soluções para que, em decorrência do corte no abastecimento, não seja comprometida a continuidade dos serviços de transporte oferecidos à população e aos visitantes de Belo Horizonte.
O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros Metropolitano (Sintram) informa que as empresas operadoras do sistema metropolitano de transporte têm passado por um processo de desabastecimento. A situação é grave e pode comprometer os serviços de transporte prestados à população da Região Metropolitana de Belo Horizonte. "O Sintram lamenta o cenário da falta de combustíveis gerada pelas paralisações e conta com a compreensão dos usuários do transporte coletivo por eventuais transtornos causados", diz a nota.
Correios, aeroporto e indústrias
Os Correios também estão com o serviços de distribuição de correspondências comprometidos. Segundo a empresa, os serviços de Sedex estão suspensos temporariamente. "Haverá o acréscimo de dias no prazo de entrega dos serviços Sedex e PAC [entrega não expressa], bem como das correspondências enquanto perdurarem os efeitos desta greve", afirma os Correios, em nota. A empresa informa que mais de 25 mil veículos trabalham com a distribuição de postagens, sendo 1.500 linhas terrestres e 11 linhas aéreas de norte a sul do país. São entregues cerca de meio bilhão de objetos postais, entre eles 25 milhões de encomendas.
Já a BH Airport, concessionária que administra o Aeroporto Internacional de BH, em Confins, informa que apesar de não ter sentido os impactos da paralisação dos caminhoneiros, já prepara um plano de contingência para garantir o abastecimento de aeronaves no aeroporto.
A Federação das Industrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) também se manifestou sobre a paralisação dos caminhoneiros. Em nota, a Fiemg destacou que "o setor industrial mineiro vê com preocupação os constantes aumentos nos preços dos combustíveis, uma vez que a medida onera em grande escala os custos de produção e logística das atividades produtivas no país. O atual quadro caótico gerado pela greve dos caminhoneiros é apenas um retrato do quão grave o assunto é para o país. Além disso, cabe ressaltar que todo o esforço empreendido em medidas e reformas anteriores podem se tornar insuficientes com constantes aumentos, como os da energia elétrica e combustíveis", descreve.
O Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Minas Gerais (Minaspetro) informa através do site da entidade que, “caso o cenário de greve persista nas próximas horas e dias, há sim o risco de desabastecimento geral dos estoques, uma vez que os postos que ainda possuem o produto para a venda ao consumidor poderão não ter a efetiva renovação dos combustíveis armazenados”.
Aumento dos combustíveis
Segundo dados divulgados pelo IBGE nesta quarta-feira (23), nos últimos doze meses o diesel teve o seu preço elevado em 15,45%. O etanol e a gasolina tiveram seus preços aumentados em 11,65% e 18,97%, respectivamente no período.
Pontos de paralisação
De acordo com a Via-040, concessionária que administra a rodovia, no fim da tarde foram contabilizados nos trechos BR-040, em Minas, oito pontos de paralisação nas seguintes cidades: Paracatu, João Pinheiro, Caetanópolis, Ribeirão das Neves, Nova Lima (trevo para Macacos), Conselheiro Lafaiete e Barbacena.
Nas BR-262 e BR-153, nos trechos que passam por Minas, também são oito pontos de paralisação dos caminhoneiros. De acordo com a Triunfo Concebra, concessionária que a administra as duas rodovias, na BR-153 há dois pontos de retenção: um em Prata e outro em Comendador Gomes. Já na BR-262 exitem paralisações em seis trechos, na altura dos municípios de Bom Despacho, Juatuba, Igaratinga, Ibiá, Luz, Araxá.
Na BR-381, no trecho que liga Minas a São Paulo, a Autopista Fernão Dias, concessionária que a administra a rodovia, confirma dois pontos de paralisação em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Além desses, ocorre manifestação de caminhoneiros em Igarapé, Lavras, Perdões, Pouso Alegre, São Gonçalo do Sapucaí, Três Corações e Carmo da Cachoeira.
De acordo com informações da Polícia Rodoviária Federal pelo Twitter, existem pontos de manifestação dos caminhoneiros na BR-050, nos municípios de Uberlândia e Araguari; BR-116, em Além Paraíba, Leopoldina, Governador Valadares, Muriaé, Inhapim e Realeza; na BR-153, em Frutal; na BR-251, em Montes Claros e Francisco Sá; na BR-262, em Manhuaçu; e na BR-356, em Monte Alegre de Minas.
Em todos os pontos os caminhões estão parados no acostamento restringindo apenas a passagem de veículos de carga.