Teste: Motor 1.3 turbo deixa Compass audacioso como o velho Manoel

Marcelo Jabulas
@mjabulas
20/08/2021 às 06:40.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:43
 (Marcelo Jabulas)

(Marcelo Jabulas)

Manoel, o Audaz, foi um jipe que pertenceu ao compositor Fernando Brant e que foi imortalizado na música que leva seu nome, criada junto com Toninho Horta. Conta-se que Brant deu esse nome ao utilitário (que não se sabe se era Willys ou de outro fabricante) para lhe entregar uma grandeza à sua capacidade de ir além, um conquistador como Alexandre, O Grande. E fomos conferir um dos netos do nobre Manoel.

Testamos os Jeep Compass Longitude 1.3 T270, na edição 80 Anos, que celebra o surgimento do primeiro utilitário em 1941, ainda como veículo militar. O Maneco moderno passou por sua primeira atualização, em que a principal novidade foi a adição do motor 1.3 turbo de 185 cv e 27,5 kgfm de torque. Trata-se de um excelente propulsor que deu a esse carro muito mais vigor que a finada unidade 2.0 de 166 cv.

Com coração novo o Compass ganhou mais vigor para encarar novatos como Corolla Cross e Volkswagen Taos. No entanto, o bloco é combinado apenas com transmissão automática de seis marchas e sistema de tração dianteira. 

Mas nem por isso significa que o Jeep não é capaz de seguir caminhos audaciosos, como de seu ancestral.

Assim, levamos o Compass para subir a montanha e descobrir como a nova unidade se comporta. O carro entregue para o teste estava abastecido com gasolina. Segundo o rapaz que entregou o veículo, ele só poderia ser abastecido com o derivado do petróleo. 

Na verdade, trata-se de uma recomendação interna, pois o motor é flex. No entanto, as médias no etanol não foram tão satisfatórias. Em nossos dois testes com a Toro 1.3, o consumo urbano com combustível verde ficou na casa dos 5,5 km/l. 

E mesmo 150 quilos mais leve que a picape, certamente o SUV não seria muito mais eficiente. Em fevereiro de 2019, quando testamos o Compass Longitude 2.0, o consumo (urbano/rodoviário) ficou na casa dos 6,5 km/l. 

E já que estava com gasolina, fomos aferir o consumo num teste que combinou trajeto urbano, rodoviário e estrada de terra. O resultado foi média de 9,5 km/l. Uma média satisfatória para um carro de 1,5 tonelada.

Mas o que importa é que esse carro ganhou muito vigor, inclusive para encarar estradas de terra e pisos irregulares. Claro que a falta da tração 4x4 e o para-choque (intencionalmente) mais baixo impedem aventuras radicais, mas ele dá conta de fugir da urbanização e garantir um bom passeio em locais que um automóvel de passeio seria castigado. 

A boa oferta de torque em baixo giro facilita a travessia de terrenos irregulares e sem a mesma aderência do asfalto. Com a vantagem de manter combustível para voltar.

Raio-x Jeep Compass Longitude 80 Anos 1.3

O que é?
Utilitário-esportivo (SUV) médio de cinco lugares.

Onde é feito?
Produzido na unidade de Goiana (PE).

Quanto custa?
Base R$ 162.990
Testado R$ 170.990

Com quem concorre?
O Compass é o líder absoluto do segmento de SUVs médios. A versão turbo flex disputa mercado com modelos como Chery Tiggo 7, Chevrolet Equinox, Ford Territory, Toyota Corolla Cross e Volkswagen Taos.

No dia a dia
O Compass sempre ofereceu muita comodidade e acabamento refinado. O banho de loja da reestilização trouxe mais refinamentos como a nova central flutuante com conexão sem fio e sistema Jeep Intelligence Adventure (que permite conexão remota, assim como funções para fora de estrada). A central ainda conta com GPS nativo, que é muito útil num passeio longe da cidade e sem antena de celular por perto.

O pacote de série ainda oferece direção elétrica, ar-condicionado de duas zonas, bancos revestidos em couro, trio elétrico (vidros, travas e retrovisores elétricos), freio de estacionamento eletrônico. A versão testada conta com o Pack 80 Anos, que além de decoração comemorativa, com elementos em grafite, adiciona partida remota, assistente de estacionamento, sistema de áudio Beats, carregamento sem fio e retrovisores com rebatimento elétrico. Um pacote que está longe de ser o mais sofisticado, mas garante muita comodidade.

No uso cotidiano, seus 4,4 metros de comprimento não fazem dele um estorvo na cidade. Suas dimensões são equivalentes às de um sedã médio. Por dentro, o Compass tem espaço de sobra para quatro adultos. Um quinto passageiro roubará conforto na fileira de trás e o porta-malas tem bom volume (410 litros), que é penalizado pelo estepe. 

Motor e transmissão
O motor turbo 1.3 de 185 cv e 27,5 mkgf de torque é a cereja do bolo da linha 2022. Essa unidade oferece quase 40% mais torque que o antigo 2.0, além de 19 cv a mais. Tudo isso garante muito mais vigor ao Compass, com retomadas muito rápidas e ótima aceleração.

A unidade é combinada com a mesma transmissão automática de seis marchas da linha anterior. Ela oferece bom desempenho, com trocas suaves, mas uma ou duas marchas à mais o tornariam mais eficiente, principalmente na estrada, pois uma vez que todo torque está disponível a 1.750 rpm. 

Como bebe?
Abastecido com gasolina, o Compass registrou média combinada (urbano/rodoviário/estrada de terra) de 9,5 km/. 

Suspensão e freios
Assim como na versão turbodiesel, o Compass flex utiliza suspensão independente nas quatro rodas, mas com acerto que privilegia um mais macio rodar no asfalto, sem o excesso de rigidez exigida para uso fora-de-estrada. No entanto, para facilitar as frenagens, o SUV conta com freios a disco nas quatro rodas, além de controle de partida em rampa (Hill Holder)e freio de estacionamento eletrônico. Ele ainda oferece controles de tração e estabilidade (ESP).

Palavra final
O banho de loja do Compass chegou em boa hora. Apesar de o motor 1.3 não demonstrar uma eficiência muito superior ao antigo 2.0, o ganho em performance é inegável. O carro ficou mais ágil e também mais econômico. O ganho de conteúdos também deu mais lastro para o SUV, que hoje tem concorrentes fortes que orbitam em sua faixa de preço. No frigir dos ovos, esse Jeep ainda é uma boa opção para quem busca ser Audaz no fim de semana e prático no dia útil.

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