Com premissa surrealista e gravado na orla da Lagoa da Pampulha, curta-metragem tem direção do jornalista Marcelo Machado (Marcelo Machado/Divulgação)
À beira de uma lagoa em uma paisagem bucólica, Roberto Fosco, um homem de comportamento enigmático, obssessivo, quase paranoico, vestido de sobretudo e com chapéu preto, monitora por binóculo uma pequena ilha, a qual julga ameaçadora. Enquanto ele recebe telefonemas de ex-presidentes da República do período do regime militar brasileiro, interferências midiáticas ocorrem por perto e afetam a vida de personagens ao redor.
Com uma trama que mescla registros históricos com passagens surrealistas, o curta-metragem “A Ilha da Ponta da Lagoa” será lançado nesta quarta-feira (14), a partir das 19h, em BH. A exibição de estreia será para convidados na Casa Matriz, nos fundos da Casa do Jornalista (av. Álvares Cabral, 400, Lourdes).
Realizado pela Filmms Produções em parceria com a Light Press, o curta é uma produção mineira independente idealizada pelo jornalista Marcelo Machado, que assina o roteiro original e a direção. “É um filme 100% independente e viabilizado pela mobilização de amigos, entre atores, fotógrafos e outros profissionais que aderiram ao projeto de forma colaborativa”, afirma o jornalista.
As gravações tiveram início em dezembro de 2020 e foram concluídas somente em agosto deste ano, em função de atrasos e desencontros provocados pela pandemia da Covid-19. A locação é cem por cento externa e tem como cenário a Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte. O centro das atenções é a Ilha dos Amores, próxima ao Parque Ecológico – a ilha que titula o filme.
A história é costurada pelos telefonemas misteriosos e as interferências midiáticas, tendo o personagem Roberto Fosco, interpretado pelo ator Militani de Souza, como o fio condutor da ação. Os acontecimentos conferem ao filme uma atmosfera de fantasia, mas a mensagem principal se evidencia com áudios reais - alguns historicamente marcantes para a memória nacional - e a abordagem de temas como religião, política e militarismo, entre outros.
“É uma abordagem sugestiva, apenas. Diria que um quebra-cabeça. As peças vão se juntando para o espectador mais atento. Cabe digerir as mensagens e interpretá-las como bem entender ou quiser”, explica Marcelo Machado.
Estreante no audiovisual, o jornalista se define como um “cinéfilo que sempre sonhou ser cineasta” e diz que o curta tem dois propósitos: gerar reflexão e prestar uma modesta homenagem a alguns dos mestres da Sétima Arte.
“Os cinéfilos fãs de David Lynch, Stanley Kubrick e David Cronenberg, entre outros, vão perceber as muitas referências que surgem no filme, que evoca os mestres e procura impactar tanto pelas imagens quanto pela trilha sonora”, pontua ele.
Além de Militani de Souza, o curta tem no elenco as atrizes Gabriele Navais (como Menpekoa), Rafaela Angeli (Premita), Ana Clara Marques (Esperanza) e Jessé Marques (Hilario). Os atores mirins e irmãos gêmeos Arthur e Pedro Machado, filhos do diretor, aparecem como "Os Milikids". Há também personagens mais que extraordinários, como os Fantasmas, claramente inspirados no cult instantâneo “A Ghost Story”.
A direção de fotografia é de Washington Alves. Moisés Silva é o responsável pelas imagens aéreas. Na trilha sonora, destaque para a música "Karma Ciranda", recém-lançada pelo cantor e compositor Raul Mariano. O ator Militani de Souza, que também é músico, colabora com duas faixas - "A Ilha" e "A Ilha 2".
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