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Pelo menos 65% dos brasileiros não guardam dinheiro, conforme aponta pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC). Os títulos de capitalização são uma alternativa para ocupar essa lacuna. Mas pode não valer a pena para quem quer guardar dinheiro e obter rendimento com ele.
“Muita gente entende os títulos de capitalização como uma forma de investir, mas não se trata disso. Eles são destinados a quem quer poupar”, explica o diretor executivo da Federação Nacional de Capitalização (Fenacap), Carlos Alberto Corrêa. Os títulos são tema do “Meu Bolso” desta semana.
Corrêa explica que essa forma de juntar dinheiro é destinada, principalmente, a pessoas pouco organizadas ou que não têm muito recurso para poupar. Afinal, com R$ 30 já é possível comprar um título de capitalização. “Quem tem dinheiro para investir em cota de ação, por exemplo, vai investir em cota de ação. Título de capitalização é uma forma de se organizar”, diz.
O produto funciona de maneira simples. O cliente escolhe quanto quer poupar por mês e por quanto tempo quer investir. O ideal, conforme Corrêa, é pensar no destino daquele dinheiro antes de comprar o produto. “A pessoa pode usá-lo para viajar em dois anos”, exemplifica.
O dinheiro pago pelo cliente é devolvido a ele após o término da vigência do contrato, corrigido pela TR, que hoje gira em torno de 0,5% ao ano. Normalmente, é descontada a taxa de administração, que varia conforme o acordo firmado com a instituição que comercializa o papel.
Como a taxa costuma ser maior do que a TR, o cliente pode receber menos do que investiu ao final do plano. Vale lembrar que quando o dinheiro é sacado antes do término do contrato, o retorno é menor.
Além de guardar dinheiro, ao comprar o título, o consumidor adimplente participa de sorteios mensais. Os prêmios são em espécie e o valor pode ultrapassar R$ 1 milhão. Em 2016, foram pagos R$ 1,2 bilhão em sorteios. “Os sorteios são uma forma de estimular a compra dos títulos. É como se fosse um bilhete de loteria, mas com devolução da aposta ao final de um período”, afirma Corrêa.
Mercado imobiliário
Os títulos de capitalização podem ser utilizados como substitutos do fiador na hora de alugar um imóvel. Neste caso, o locatário combina com o locador o valor que será assegurado.
“Muitos combinam seis meses de aluguel como garantia”, afirma o diretor executivo. Depois, o locatário compra um título de capitalização no valor acordado e, no contrato, deixa claro que em caso de inadimplência ou de avaria do imóvel, o título pode ser usado para reembolsar a imobiliária.
Ao final do contrato, caso não haja necessidade de utilização do papel, o valor volta ao locador, reajustado pela TR e descontada taxa de administração (quando há).