(Vinnicius Silva/Cruzeiro)
Os torcedores que levaram as mãos à cabeça, incrédulos com uma chance de ouro desperdiçada por Thiago Neves logo no primeiro lance do segundo tempo do jogo contra o São Paulo, foram os mesmos que, aos 13 minutos, soltaram o grito de gol e ‘reverenciaram’ o meia, autor do tento que lavou a alma dos cruzeirenses na última quarta-feira. A esperança agora é que o meia continue a ser decisivo, como foi em ocasiões passadas. Ao mesmo tempo, a ótima atuação vem com alguns questionamentos e reflexões: o TN10 conseguirá voltar a atuar como o TN30? Ou os “dois” se equivalem.
O Hoje em Dia levantou os principais números do armador em cada temporada com a camisa azul e branca (confira abaixo). Pelos dados, é possível constatar que a média de gols e assistências de Thiago Neves em 2017, seu primeiro ano como o TN30 celeste, é superior ao desempenho dele em 2018 e 2019.
Em 2017, ele obteve uma média de 0,29 gol a cada 90 minutos (17 gols no total) e 0,24 assistência (14 em todo o ano) por duelo. Vinnicius Silva/Cruzeiro
Já o TN10 – Neves herdou a 10 de Arrascaeta neste ano – venceria o TN30 de 2018 em assistências na temporada e em tentos e passes a gol pelo Campeonato Brasileiro. Isso porque o rendimento do atleta como garçom no ano passado é muito aquém do esperado – apenas duas em 53 confrontos realizados. Em menos embates (33) em 2019, o armador já computa o dobro de passes a gol: quatro, por enquanto.
Ressurgimento
Ao longo desta temporada, Thiago Neves foi bombardeado com críticas das mais diversas: da alfinetada ao Atlético, que acabou ofendendo o povo de Brumadinho após a tragédia no início do ano, passando por uma série de atuações ruins dentro de campo, até acusações de que teria sido responsável direto – assim como o zagueiro Dedé – na demissão de Rogério Ceni.
O martírio parecia não ter fim. Mas nada disso fez o jogador se omitir. É verdade que houve lampejos daquele armador decisivo de outrora em algumas ocasiões, como no triunfo por 2 a 0 em cima do Santos, no Mineirão. Mas o meia ainda não conseguiu emplacar uma sequência de boas partidas em 2019.
O gol anotado sobre o Tricolor Paulista pode representar uma volta por cima do meia, que tenta fazer valer de novo o status de maestro da equipe, após tantos episódios negativos.
“A cobrança sempre vai existir. Sou maduro o suficiente, sou cascudo para cobrança. Sou o camisa 10 do time, um dos principais jogadores, então, algumas coisas eu soube escutar. Hoje (quarta-feira), mais uma vez, foi assim (críticas), mas fui premiado com o gol. Feliz com a atuação do time. A gente mereceu a vitória”, ressaltou o jogador celeste, que esbravejou na comemoração.
“Eu não sabia nem o que fazer. Não sabia se corria para a torcida ou se comemorava com o banco. Mas foi um alívio. A caminhada para sair lá de baixo continua”, disse.
O Cruzeiro encara o Corinthians neste sábado, às 19h, na Arena Corinthians, pela 27ª rodada do Brasileiro. E o time, 18º colocado, precisará da habilidade e do poder de decisão de seu 10.