Toda arrogância...

28/06/2017 às 00:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:17

O dia era 19 de Junho. O ano era 1996.

A cidade era São Paulo.

O local era o saudoso Parque Antártica, antes um estádio modesto, mas que acomodava bem a torcida.

O jogo também era válido pela Copa do Brasil.

Em campo, nomes antológicos do futebol moderno: Cafu, Júnior, Djalminha, Rivaldo e Luizão treinados por nada mais, nada menos que Vanderlei Luxemburgo.

O clima era de festa para a imprensa paulista e os torcedores do Palmeiras.

Poucos acreditavam na conquista do Cruzeiro.

Quando a bola rolou, a confiança dos palmeirenses aumentou ainda mais, quando Luizão, logo aos cinco minutos, abriu o placar para os donos da casa.

Eu assistia a partida pela TV e ouvia, além do narrador Silvio Luiz gritar ensandecido sua peculiar fala: “foi, foi, foi, foi ele... o craque da camisa número 9”, também ouvia o comentarista Orlando Duarte afirmar por mais de uma vez:

“Amigos telespectadores do SBT, aqui hoje, só posso ver uma coisa em minha frente: a Sociedade Esportiva Palmeiras levantando a Taça de Campeã da Copa do Brasil”.

Na Tribuna do Parque Antártica, o presidente Zezé Perrela assistia à partida ao lado do presidente do Palmeiras, Mustafá Contursi e o então presidente da CBF, Ricardo Teixeira.

Consta no site Baú do Cruzeiro uma declaração do Perrela sobre o que teve que ouvir após aquele gol de Luizão:

“Quando o Palmeiras marcou o gol, os dois começaram a me consolar. Disseram que eu era jovem, que ainda conquistaria muitas coisas pelo Cruzeiro. Fiquei calado, não retruquei. Sabia que o time do Palmeiras era uma seleção, mas confiava na virada no placar e, principalmente, na grandeza do Cruzeiro. Além disso, já era vivido o suficiente para saber que futebol apronta das suas. Eles eram favoritos, porém tudo é possível nesse esporte”.

E ele não estava errado.

Ainda no primeiro tempo, aos 25 minutos, após cobrança de escanteio pela direita Palhinha se atrapalhou com a bola, mas, após uma furada incrível do volante Amaral, Roberto Gaúcho aproveitou e finalizou rasteiro, entre a trave e o goleiro Velloso empatando a partida e tirando um pouco a euforia da torcida e dos dirigentes do verdão.

Mas, o Palmeiras ainda teria a vantagem do empate, visto que havia ganhado do Cruzeiro em pleno Mineirão, na primeira partida.

Então, o que parecia impossível, aconteceu: aos 38min Marcelo Ramos recuperou uma bola no meio-campo e lançou Roberto Gaúcho na esquerda.

O ponta passou por Sandro, foi à linha de fundo e cruzou para a área. Velloso saltou, tentou segurar a bola no alto, mas a deixou escapar. Marcelo, oportunista, completou para o fundo da rede.

Era o gol do título e o início de festa no Parque Antárctica, mas para a minoria cruzeirense que estava no estádio.

Conheço muita gente que nem torcia para o Cruzeiro na ocasião vibrar com esse gol.

Pois, naquele dia que o Cruzeiro derrubou o Palmeiras em seus domínios, contra a imprensa brasileira, a Parmalat e o mundo, ficou claro que toda arrogância será castigada.

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