Depois de Minas Gerais, agora foi a vez do Ministério Público Paulista adotar torcida única para clássicos ou times rivais. Segundo informações do jornalista Cosme Rímoli, As estatísticas mostraram que o número de mulheres e crianças aumentou em 11% desde abril do ano passado, quando a medida entrou em vigor. Ao que tudo indica, a história da torcida única vai se espalhar pelo Brasil. Segundo as autoridades paulistas, Flamengo e Palmeiras, Grêmio e Corinthians, Atlético Mineiro e São Paulo, Flamengo e Santos mostram problemas com suas organizadas quando se enfrentam.
Mas, a decisão como sempre gera polêmica e divide as opiniões. Para alguns críticos do sistema, no fim das contas, a adoção de torcida única se transforma em uma medida para inglês ver. As autoridades “responsáveis” tentam prestar contas à população de que estão fazendo algo, quando realmente só agem paliativamente. É o cachorro correndo atrás do rabo, sem se questionar a efetividade da proposta e sem se pensar seriamente em todo o problema envolvido. A violência no futebol não se extinguirá com torcida única. Da mesma maneira como não afastará a necessidade básica de oferecer segurança aos torcedores também no entorno do estádio.
Para o blogueiro Emerson Gonçalves Medidas desse tipo revelam-se ineficazes e nada garantem em termos de segurança para os verdadeiros torcedores.
Frequentemente, membros dos bandos organizados entram em choque entre eles mesmos ou com grupos rivais que “torcem” pelo mesmo time, bem como, por farra ou imposição “territorial”, ameaçam e até agridem torcedores chamados de comuns, mas que eu prefiro chamar de verdadeiros. Os verdadeiros torcedores, que vão ao estádio para ver e torcer por seu time, simplesmente.
Vale dizer que, mesmo em países europeus a violência ocorre em jogos de torcida única. Mesmo com torcida única, é possível que confrontos aconteçam, sejam emboscadas ou brigas combinadas. Qual autoridade pode assegurar à sociedade que num dia de jogo com torcida única os rivais não irão preparar emboscadas ou agendar brigas como a da Avenida Inajar de Souza? Teremos um domingo de terror se um grupo resolver espalhar tocaias para os rivais que se dirigem ao estádio? Ou se resolverem marcar brigas, como já aconteceu?
Em contrapartida, brigas nas arquibancadas entre organizadas do mesmo clube ou em jogos de torcida única são fato. Mauro Pereira Cézar, outro conhecido blogueiro, foi enfático ao afirmar que torcida única é a rendição da sociedade diante uma minoria que participa das torcidas organizadas. Os violentos são cerca de 6% segundo o professor Maurício Murad, o maior estudioso do tema no Brasil. Ingleses não se renderam a isso, aprenderam a conter o hooliganismo. Não fomos capazes disso até hoje.
Ainda vai dar muito pano pra manga, mas que a torcida única vai se espalhar pelo Brasil, é fato inegável.