(Arquivo Hoje em Dia)
Lançada originalmente em 2005, “A Biografia de Torquato Neto” está de volta às livrarias, dessa vez por meio da Editora Nossa Cultura. O autor, jornalista e roteirista de televisão Toninho Vaz, explica que o livro teve poucas mudanças: um prefácio assinado pelo jornalista Roberto Muggiati e a inserção do músico Guarabyra como um personagem nessa história. Desenvolver a biografia não foi uma tarefa fácil. Toninho Vaz, que já havia escrito sobre a vida de Paulo Leminski (“O Bandido que Sabia Latim”), decidiu desenvolver a pesquisa ao constatar que não havia uma obra literária ou poética assinada por Torquato Neto, uma figura importantíssima no processo de contracultura do final dos anos 60, ao participar de manifestações artísticas vanguardistas, como a Tropicália, o Cinema Marginal e a Poesia Concreta. Nas estantes, a única publicação relacionada a ele era a reunião de textos “Os Últimos Dias de Paupéria”, editado em 1973. “Eu não conhecia o Torquato, então tive que fazer bastante pesquisa, com mais de 70 entrevistas”, afirma Toninho Vaz, que também teve de lidar com recusas de grandes artistas que conviveram com o piauiense, como Gilberto Gil, Gal Costa, Maria Bethânia e Waly Salomão. Com essa pesquisa, recolheu não só histórias, como também textos inéditos, cartas e fotos. O personagem foi um homem que produziu um material bastante relevante (embora não volumoso) para a história da arte brasileira, mas que não soube lidar com as angústias de um período de intensa patrulha (tanto por parte dos militares quanto da juventude esquerdista). Se matou no dia 10 de novembro de 1972, logo após completar 28 anos. “A sensibilidade do poeta nos oferece um letrista maduro e até mesmo sofisticado, que criou clássicos da MPB, como ‘Pra Dizer Adeus’ (parceria com Edu Lobo) e ‘Geleia Geral’ (com Caetano Veloso). Seus defeitos, como um bom escorpião, atingiam quase que exclusivamente a ele mesmo”, diz o autor. “O Torquato viveu numa época difícil, de poucas liberdades. Nesse sentido, ele foi um inconformado muito combativo. Suas ideias estão no DNA do Tropicalismo. Como característica marcante, era radical. Como ele mesmo dizia: ‘Cada louco é um exército’”, completa Vaz.