Homem vivia em condições degradantes, sem férias e ganhando apenas R$ 400 por mês
Moradia precária usada por trabalhador resgatado em fazenda de Patrocínio abrigava ferramentas e venenos agrícolas, sem condições de higiene ou segurança (Wellyngton Souza/Sesp-MT)
Um trabalhador rural submetido a condições análogas à escravidão por 15 anos, em uma fazenda em Patrocínio, no Alto Paranaíba, motivou a assinatura de um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) entre o empregador e o Ministério Público do Trabalho (MPT). O caso, informado pelo órgão esta semana, envolveu ausência de vínculo formal, moradia precária e pagamento inferior ao salário mínimo.
O funcionário vivia sozinho em uma residência insalubre, com fiações expostas, sem geladeira ou fogão. O quarto era dividido com ferramentas, insumos e venenos agrícolas - cenário que representa grave risco à saúde. O banheiro improvisado também não oferecia condições mínimas de higiene e segurança.
O empregado relatou ter trabalhado todos os dias, incluindo feriados, sem nunca ter tirado férias. Os pagamentos variavam entre R$ 300 e R$ 400 por mês, que só ocorriam após insistentes cobranças ao empregador. Em algumas ocasiões, o valor não era pago.
Ele também afirmou que não recebia alimentação e precisava contar com ajuda de conhecidos para se manter. Além disso, o homem realizava diversas tarefas na propriedade, mas nunca recebeu equipamentos de proteção individual (EPIs), mesmo lidando com produtos tóxicos.
Embora tenha negado as irregularidades, o proprietário rural assinou o TAC e se comprometeu a não repetir condutas que possam caracterizar trabalho escravo. Entre as exigências estão o registro dos contratos, o pagamento integral e no prazo dos salários, a garantia de repouso semanal remunerado, a adequação das instalações e o fornecimento de água potável e local adequado para refeições.
O acordo também prevê o pagamento de aproximadamente R$ 50 mil ao trabalhador, incluindo verbas rescisórias, tributos ao INSS e indenização. Multas entre R$ 2 mil e R$ 15 mil serão aplicadas em caso de descumprimento das cláusulas.
Condições degradantes são uma das formas de trabalho análogo à escravidão e consistem em negações de direitos fundamentais, especialmente relacionados à saúde, higiene e segurança. Entre os exemplos estão:
Trabalhadores que enfrentam situações semelhantes podem e devem denunciar. A inspeção do trabalho e o MPT estão entre os órgãos competentes para atuar nesses casos. Para fazer uma denúncia, clique aqui.
*Estagiária, sob supervisão de Renato Fonseca
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