Representantes de cidades afetadas se reuniram para relatar problemas e cobrar soluções para problemas decorrentes do rompimento da barragem de Fundão
(CORIDOCE / Divulgação)
Prefeitos das cidades afetadas pelo rompimento da barragem do Fundão, em Mariana, se reuniram, nesta quarta-feira (21), em Belo Horizonte, para manifestar repúdio ao que classificaram como “desinteresse” e “descompromisso” por parte das mineradoras Vale, BHP e Samarco nas buscas por um acordo de reparação.
Participaram do evento, realizado no auditório da Associação Mineira de Municípios (AMM) nesta quarta-feira (21), 39 prefeitos, sendo 36 de Minas e os demais do Espírito Santo.
André Merlo, prefeito de Governador Valadares - principal cidade atingida pelos rejeitos da barragem -, demonstrou insatisfação com o acordo.
“As empresas anunciam que querem a repactuação, mas elas estão empurrando para frente o acordo. E depois, queriam dividir o pagamento em 15 anos. Um absurdo. O nosso desejo é que seja em cinco anos”.
O representante da cidade do Vale do Rio Doce também ressaltou que a cidade está sofrendo mais com as enchentes após os rejeitos invadirem o rio que abastece o município.
“Em sete anos, tivemos cinco enchentes. O rio está assoreado pela lama. As empresas não aceitam isso. Temos ações do Município contra as empresas mostrando que a lama do rejeito está lá”, completou André.
Cobrança na Justiça
Os prefeitos também aproveitaram o encontro para cobrarem ainda mais rigor por parte da Justiça brasileira quanto ao destravamento das negociações de um acordo de reparação. O presidente do Consórcio Público de Defesa e Revitalização do Rio Doce (CORIDOCE), prefeito José Roberto Gariff Guimarães, de São José do Goiabal, convocou o poder do Estado e da União para se envolverem diretamente no processo.
A entrevista coletiva desta quarta-feira foi um dos desdobramentos da última reunião entre representantes do Fórum Permanente de Prefeitos, realizada no final de janeiro deste ano, quando foram compartilhadas as preocupações dos municípios quanto à repactuação do acordo de Mariana (MG).
A tragédia ocorreu em 2015, quando cerca de 39 milhões de metros cúbicos de rejeito escoaram pela bacia do Rio Doce após o rompimento de uma barragem da mineradora Samarco. No episódio, 19 pessoas morreram e houve impactos a dezenas de municípios até a foz no Espírito Santo.
Por meio de nota, a Samarco informou que "reforça o compromisso com a reparação integral dos danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão, garantindo total suporte para que a Fundação Renova execute as ações previstas".
Também por meio de nota, a Vale informou que "continua comprometida com a repactuação e confia que as partes chegarão a bons termos quanto ao texto que vem sendo conjuntamente construído antes de definir o valor global do acordo".
A equipe do Hoje em Dia entrou em contato com a BHP e não teve retorno até o momento da publicação desta matéria.