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Tragédia em Mariana: prefeitos alegam ‘desinteresse’ de Vale, Samarco e BHP no acordo de reparação

Representantes de cidades afetadas se reuniram para relatar problemas e cobrar soluções para problemas decorrentes do rompimento da barragem de Fundão

Pedro Melo
pmelo@hojeemdia.com.br
21/02/2024 às 16:46.
Atualizado em 22/02/2024 às 15:54
 (CORIDOCE / Divulgação)

(CORIDOCE / Divulgação)

Prefeitos das cidades afetadas pelo rompimento da barragem do Fundão, em Mariana, se reuniram, nesta quarta-feira (21), em Belo Horizonte,  para manifestar repúdio ao que classificaram como  “desinteresse” e “descompromisso” por parte das mineradoras Vale, BHP e Samarco nas buscas por um acordo de reparação.

Participaram do evento, realizado no auditório da Associação Mineira de Municípios (AMM) nesta quarta-feira (21), 39 prefeitos, sendo 36 de Minas e os demais do Espírito Santo.

André Merlo, prefeito de Governador Valadares - principal cidade atingida pelos rejeitos da barragem -, demonstrou insatisfação com o acordo.

“As empresas anunciam que querem a repactuação, mas elas estão empurrando para frente o acordo. E depois, queriam dividir o pagamento em 15 anos. Um absurdo. O nosso desejo é que seja em cinco anos”.

O representante da cidade do Vale do Rio Doce também ressaltou que a cidade está sofrendo mais com as enchentes após os rejeitos invadirem o rio que abastece o município.

“Em sete anos, tivemos cinco enchentes. O rio está assoreado pela lama. As empresas não aceitam isso. Temos ações do Município contra as empresas mostrando que a lama do rejeito está lá”, completou André.

Cobrança na Justiça

Os prefeitos também aproveitaram o encontro para cobrarem ainda mais rigor por parte da Justiça brasileira quanto ao destravamento das negociações de um acordo de reparação. O presidente do Consórcio Público de Defesa e Revitalização do Rio Doce (CORIDOCE), prefeito José Roberto Gariff Guimarães, de São José do Goiabal, convocou o poder do Estado e da União para se envolverem diretamente no processo.

A entrevista coletiva desta quarta-feira foi um dos desdobramentos da última reunião entre representantes do Fórum Permanente de Prefeitos, realizada no final de janeiro deste ano, quando foram compartilhadas as preocupações dos municípios quanto à repactuação do acordo de Mariana (MG).

A tragédia ocorreu em 2015, quando cerca de 39 milhões de metros cúbicos de rejeito escoaram pela bacia do Rio Doce após o rompimento de uma barragem da mineradora Samarco. No episódio, 19 pessoas morreram e houve impactos a dezenas de municípios até a foz no Espírito Santo.

Por meio de nota, a Samarco informou que "reforça o compromisso com a reparação integral dos danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão, garantindo total suporte para que a Fundação Renova execute as ações previstas".

Também por meio de nota, a Vale informou que "continua comprometida com a repactuação e confia que as partes chegarão a bons termos quanto ao texto que vem sendo conjuntamente construído antes de definir o valor global do acordo".

A equipe do Hoje em Dia entrou em contato com a BHP e não teve retorno até o momento da publicação desta matéria.

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