Trânsito afeta prédio de indústria de 200 anos em São Paulo

José Maria Tomazela
08/10/2012 às 11:01.
Atualizado em 22/11/2021 às 01:54

O movimento de veículos coloca em risco as construções remanescentes da Real Fábrica de Ferro de Ipanema, em Iperó, a 125 quilômetros de São Paulo. O sítio histórico, na Floresta Nacional de Ipanema (Flona), registrou a primeira corrida de ferro em alto-forno do Brasil, em 1818, e abriga ruínas de fornos construídos por Afonso Sardinha no fim do século 16.

Os prédios históricos estão na margem da Estrada de Ipanema, que liga Iperó a Araçoiaba da Serra. O tráfego na rodovia triplicou depois que o Instituto Chico Mendes, que administra a Flona, instalou na região de Ipanema a Academia Nacional da Biodiversidade (Acadebio), que ministra curso de capacitação para servidores de todo o País e é sede de eventos ambientais. Os 175 leitos do alojamento da Acadebio estão permanentemente ocupados.

No ano passado, um ônibus com estudantes bateu em uma ponte histórica sobre o Rio Ipanema e abalou a estrutura, causando sua interdição. A ponte, com um grande arco de ferro com suporte de madeira, foi trazida da Inglaterra no início do século 19 e seria o único exemplar existente. Desde o acidente, a estrutura foi parcialmente desmontada e o restauro se arrasta. Segundo o chefe da Flona, Alexandre Cordeiro, houve demora na obtenção da madeira que será substituída.

Prédios do núcleo histórico que, no ano passado, completou 200 anos, têm trincas e infiltrações. A Casa das Armas Brancas, toda feita de pedras de cantaria para produzir armas e munições durante a Guerra do Paraguai (1864-1870), tem a parte baixa tomada por infiltrações. A 2.ª Oficina de Refino, construída em 1818, na qual foram fundidos os canhões empregados na Revolução Liberal de 1842, está em ruínas - o prédio é usado como depósito de madeira. Toda a área está tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Planos

O trânsito no sítio histórico será restrito a veículos leves assim que o restauro da ponte for concluído, o que deve ocorrer nos próximos meses, segundo o chefe da Flona. O percurso com turistas será feito em micro-ônibus movidos a eletricidade.
Cordeiro informou que um plano de restauro do conjunto, com apoio das leis de incentivo à cultura, foi aprovado em 2006 e R$ 43 milhões foram arrecadados com empresas, mas o projeto não foi para frente. O plano foi atualizado e começou uma nova fase de captação de recursos. A restauração de todo o conjunto deve terminar em 2016. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
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