Trânsito e estacionamentos são os principais entraves para o crescimento do CeasaMinas

Maria Helena Dias - Especial para Força do Campo
27/05/2015 às 07:29.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:13
 (Divulgação/CeasaMinas Acceasa)

(Divulgação/CeasaMinas Acceasa)

As Centrais de Abastecimento de Minas Gerais (CeasaMinas) estão vivendo um momento histórico: praticamente todas as seis unidades passam por obras de ampliação e revitalização ou por processo de licitação para melhoria das instalações. O objetivo é garantir fluidez no trânsito, ganhar mais vagas de estacionamento e ampliar o espaço físico para a chegada de novos lojistas.   Mesmo reunindo atividades de vários segmentos, além do tradicional hortifrutigranjeiro, a busca para maior diversificação é uma saída para ampliar o comércio e continuar crescendo. Apesar de toda movimentação para a solução dos problemas, os comerciantes não perdoam e reclamam do descaso do governo federal para com um dos entrepostos de maior importância do país: o de Contagem.   Empresa de economia mista, que tem a supervisão do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a CeasaMinas, fundada há 41 anos, é considerada uma das centrais de abastecimento mais diversificadas do mundo. Além dos hortifrutigranjeiros, que respondem por 70% dos negócios realizados, no entreposto de Contagem é possível encontrar agências bancárias, oficinas de carros, grandes supermercados e raridades em produtos exóticos.   “O governo federal, que é o dono da CeasaMinas, não investe no entreposto. O comerciante está bancando a maioria das melhorias”, afirmou Ronan Soares de Oliveira, da Real Distribuidora, empresa que funciona há 33 anos no entreposto de Contagem.   Garantindo 190 empregos diretos e 50 indiretos, o comerciante, que já sentiu o aumento da inadimplência e a queda nas vendas em função da crise, conta que todos estão trabalhando com muita dificuldade. “Os pavilhões são muito antigos. Nós pagamos um aluguel que não é barato, e esse dinheiro não é usado para as benfeitorias necessárias. Não temos nenhum apoio do governo”, reforçou.   Mas os problemas não são apenas internos. “Os visitantes chegam de todas as partes, mas não conseguimos receber bem. Há sempre grande congestionamento em função de um viaduto que não comporta mais o volume de carros e caminhões”, disse Ronan de Oliveira, referindo-se ao viaduto da avenida das Américas.   Negociação   Representando 380 comerciantes, cerca de 70% do total de lojistas, está a Associação Comercial da Ceasa (ACCeasa). Na diretoria há seis anos, Wellington Gonçalves da Silva fala sobre as dificuldades de se trabalhar em uma empresa do governo federal.   “Há mais de três anos estamos negociando a expansão de uma área para estacionamento. O investimento é de cerca de R$ 10 milhões, mas o governo alega que não tem recurso disponível”.   Wellington lembra que, em função da falta de infraestrutura e novos espaços, muitos empresários estão se estabelecendo nas localidades próximas ao entreposto de Contagem.   “Já existem duas Ceasas em volume de empresas no nosso entorno. Isso é desestimulador para os comerciantes da CeasaMinas”. Sobre as obras já em andamento, ele afirma que serão apenas um paliativo.   Melhorias necessárias ainda vão demandar tempo   O diretor administrativo e de finanças da CeasaMinas, Gustavo Costa de Almeida, reconhece os inconvenientes, mas garante que aos poucos toda a infraestrutura será melhorada.   Segundo ele, os problemas com a falta de vagas para estacionamento começarão a ser solucionados com o fim das obras de uma área de 5 mil m2 destinada a caminhões e carretas, para carga e descarga de mercadorias.   “A previsão é a de que essa obra fique pronta até o final de maio. A área comportará até 40 veículos de grande porte”. Gustavo disse que o investimento de R$ 690 mil é da própria CeasaMinas.   Ele revelou ainda que estão em andamento as discussões para obras em uma área de 60 mil m2, que abrigaria 3 mil veículos. Para esse caso, os investimentos são de cerca de R$ 10 milhões e dependem das negociações com o governo federal. Nada ainda foi definido.   Sobre o trânsito no entorno, que a partir das 2h da manhã gera filas enormes de caminhões que querem descarregar mercadorias, e as dificuldades para quem deixa o entreposto, Gustavo de Almeida revela que a CeasaMinas também vem conversando com a Prefeitura de Contagem para a duplicação do viaduto da avenida das Américas, mas que há necessidade ainda da ampliação do viaduto que dá acesso de saída para a BR-040 e a Via Expressa. “Há como melhorar. Temos uma área não pavimentada, entre 40 mil e 50 mil m2, beirando a avenida Sarandi, no sentido Betim-Contagem, que pode ser usada”, revelou.   De acordo com o diretor, são muitos os problemas da CeasaMinas. “Somos uma cidade do porte de Uberaba. Nossa demanda de energia é muito alta no período de 3h30 às 13h, principal horário de pico do entreposto”. Há discussões também para a criação de uma subestação de energia.   Embalagens   Gustavo de Almeida lembra que outro problema sério na CeasaMinas é quanto ao acondicionamento das mercadorias feito por produtores em vasilhames impróprios para o transporte dos produtos.   “Ainda são usadas em grande número as embalagens de madeira. São precárias, criam mofo, facilitam a contaminação e geram muita perda de mercadorias. Para isso, estamos pensando em usar o mês de julho, quando se comemora o Dia do Produtor, para fazer um evento direcionado a esses esclarecimentos”.   “Os governos não dão para a CeasaMinas a importância que ela realmente tem. O comerciante está se sentindo abandonado” Ronan Soares de Oliveira - Empresário na Ceasa.

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