Transplantes de órgãos crescem, estrutura melhora, mas recusa de doações é alta

Malú Damázio e Mariana Durães
horizontes@hojeemdia.com.br
27/04/2018 às 21:31.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:34
 (MAURICIO VIEIRA)

(MAURICIO VIEIRA)

O número de transplantes realizados em Minas Gerais cresceu 13%. Em 2017, foram feitas 2.244 cirurgias nas redes pública e privada. A expectativa, segundo o MG Transplantes, centro responsável por coordenar as ações no Estado, é ampliar a taxa em até 15% neste ano.

Referência nos procedimentos, a Santa Casa de Belo Horizonte passará a oferecer em julho dois transplantes de alta complexidade: coração e ossos. A informação foi dada ontem pelo ministro da Saúde Gilberto Occhi, que esteve na capital para participar da abertura de dez novos leitos no hospital. O atendimento será ampliado em 33%.

No entanto, mesmo diante do quadro positivo, a recusa em doar órgãos ainda é o principal desafio a ser enfrentado. Mais de 40% das famílias de pessoas com diagnóstico de morte encefálica não permitem os procedimentos, conforme o coordenador do MG Transplantes, Omar Lopes Cançado Junior. 

“É uma taxa muito alta. Todos precisam ter consciência que a doação de órgãos salva e melhora a qualidade de vida de muitos pacientes”, afirma o médico.

Hoje, há cerca de 3,5 mil mineiros na fila de espera. Para tentar ampliar as doações, o MG Transplantes investe em campanhas educativas e oferece cursos para a formação de profissionais da área da saúde atuarem na captação de órgãos junto às famílias. 

Quem recebe um novo órgão reconhece a importância da conscientização. O transplante duplo de rim e pâncreas foi a esperança de uma vida melhor para o auxiliar de informática Marcelo Ferreira Timóteo, de 42 anos. Diabético desde os 8 e com insuficiência renal, ele fez hemodiálise por seis anos enquanto aguardava um doador. 

“Um dia me ligaram em janeiro deste ano. É um momento surreal, são muitos sentimentos, muita emoção”. A recuperação, segundo Marcelo, está indo bem. Mas ainda são necessários alguns cuidados e o uso de medicamentos.

“Me ligaram em um dia de janeiro deste ano. É um momento surreal, são muitos sentimentos, muita emoção”  (Marcelo Timóteo)

Santa Casa

Uma equipe do Ministério da Saúde irá avaliar as instalações da Santa Casa de BH em 8 de maio. “Em função dessa vistoria, nós já podemos acelerar a autorização para que a unidade possa agregar aos transplantes que faz, o de coração e o de ossos”, disse o ministro. 

Agora, a Santa Casa passa a contar com 39 leitos para receber pacientes operados. A ampliação custou cerca de R$ 1 milhão e o recurso é da própria instituição. Atualmente, o hospital faz transplantes de córnea, medula óssea, rim e fígado. 

“Temos hoje uma demanda reprimida de transplantes de medula óssea. Os pacientes estão aguardando devido à falta de leitos. Nós já temos a medula congelada, ou o doador para realizar a infusão”, afirma a coordenadora do Centro de Transplantes da Santa Casa, Raquel Caldeira Brant. Inicialmente, 20 pacientes, entre adultos e crianças, serão beneficiados.

479 procedimentos foram feitos nos três primeiros meses deste ano, segundo a Fhemig

Doação

Atualmente, apenas a vontade da pessoa, expressa muitas vezes no documento de identidade, não é suficiente para que ela seja uma doadora. Constatada a morte encefálica, os familiares devem autorizar o procedimento por escrito. Para facilitar o processo, um Projeto de Lei que trata do assunto tramita no Senado. O texto retira a necessidade de autorização quando o cidadão se manifestar em vida sobre o assunto.

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